domingo, 23 de março de 2008

AQUI QUE TUDO COMEÇOU !

É muito difícil precisar quando se inicia o povoamento da região, contudo estabelece-se 25 de janeiro de 1554, quando o Padre José de Anchieta chega nas terras de Piratininga e funda a aldeia de São Paulo de Piratininga.Conta a história que, após desentendimentos entre tribos indígenas, houve a dispersão dos mesmos, formando novas aldeias, entre elas, a aldeia de Ururaí, cujas terras foram doadas aos índios, através da "carta de sesmaria", datada de 12 de outubro de 1580. Nesta aldeia, foi construída uma capela pelos jesuítas e índios, a qual recebeu o nome de Capela de São Miguel Arcanjo.Com a chegada dos brancos e a colonização, São Miguel Paulista, ou aldeia deUruraí como era chamada, tem sua data oficial de fundação no dia 21 de setembro de 1622. A Carta de Sesmaria passou a ser desrespeitada, abrindo espaços para a lavoura o crescimento local. Em 26 de abril de 1865 foram criadas duas classes do ensino das primeiras letras (curso primário). Uma para os meninos e outra para as meninas. Em 16 de junho de 1891, criou-se o primeiro ofício do registro civil (cartório de paz) e em 1892. São Miguel crescia e em 1903, já contava com 108 casas e 2 299 habitantes.

CARTÓRIO DE SÃO MIGUEL PAULISTA

Em São Miguel Paulista, mais de um século de história, Em uma região de extrema pobreza da Capital paulista, cartório destaca-se no atendimento à população carente da região da zona leste.
Instalado em 1892, o Oficial de Registro Civil e Tabelionato de Notas de São Miguel Paulista está sob a administração de José Roberto Bonizi desde 1968. Porém, seu ingresso no cartório se deu em 1945, com apenas 14 anos, trabalhando como escrevente para o seu tio, oficial do cartório na época. Por problemas de saúde deste último, Bonizi recebeu o cargo em 1968, e desde então é o responsável por atender a população do distrito, um dos mais populosos e carentes da zona leste da cidade. Há 12 anos, a serventia ocupa duas casas vizinhas, interligadas pelos fundos. Em um dos prédios são realizados apenas atos do registro civil, com guichês separados para cada serviço. No outro, o piso térreo realiza os atos notariais de reconhecimento de firmas, autenticações, escrituras e procurações, setores onde concentra-se o maior movimento do cartório. No piso superior, encontra-se a administração e um local reservado para atos que necessitem de maior privacidade. Para dar conta da demanda, um funcionário é disponibilizado para orientar os usuários logo na entrada do cartório. É ele também que encaminha os clientes que necessitem de um atendimento preferencial, como idosos e deficientes. Os serviços de autenticação e reconhecimento de firmas, os mais procurados, contam com o auxílio de senhas eletrônicas para a melhor organização. Ao todo, são 34 funcionários que trabalham incessantemente para atender a demanda da região. Além disso, os três filhos de Bonizi - José Eduardo Kirsten Bonizi, Antônio Carlos Kirsten Bonizi e José Roberto Kirsten Bonizi - atuam como seus substitutos na administração do cartório. Duas maternidades são conveniadas à serventia - Hospital e Maternidade São Miguel e Hospital Tide Setúbal que recebem diariamente funcionários do cartório para a relização de registros já no momento de nascimento das crianças. Mensalmente, são feitos cerca de 550 registros de nascimentos, 120 óbitos e 140 casamentos, estes que, como verificado nas estatísticas de outras serventias, costumam acumular-se no final do ano. As cerimônias são realizadas em uma ampla e decorada sala, pronta para receber os noivos e seus convidados. Segundo o oficial, a maior parte dos atos é realizada gratuitamente, tal é a carência da população do bairro. "Esse mês nós fizemos uns 50, no mês passado foram 180 casamentos gratuitos", comenta ele A forte presença de nordestinos no bairro, característica da região desde o início de seu desenvolvimento, fica marcada nos livros de registro civil. "Se você for pesquisar os registros de óbito daqui, vai ver que a grande maioria não são de São Paulo", comenta Bonizi. Uma maneira de aprimorar o atendimento aos clientes é o incentivo dado aos funcionários. Além de serem cobrados constantemente pela leitura e aprendizado das práticas do cartório, Bonizi também seleciona alguns escreventes para participarem de cursos e palestras ministrados pela Arpen-SP ou pelo CNB-SP. Para ele, a importância em unir os funcionários e propiciar também momentos de lazer é outro diferencial que resulta em melhorias no dia-a-dia da serventia. Bonizi possui uma quadra de futebol especial para jogos entre funcionários, que geralmente acontecem aos sábados. Muitas vezes, são realizados amistosos entre serventias da região. Por lá já passaram times formados pelos cartórios do distrito de Ermelino Matarazzo, Itaquera, Penha, Tatuapé, entre outros. Atualmente, o oficial faz apenas alguns atendimentos ao público, geralmente quando se trata de testamentos, mas pela sua longa jornada no cartório, muitos antigos residentes da região o procuram diretamente para realizar serviços específicos. O cartório procura adaptar-se às novas tecnologias e, para isso, utiliza computadores em todos os setores e funcionários são disponiblizados para a digitalização de todos os processos antigos. Mesmo assim, Bonizi não abandona sua antiga máquina de escrever, que ainda o auxilia em algumas tarefas. Recentemente, um acidente causado por uma árvore que caiu sobre as instalações do cartório danificou parte de sua estrutura. Mesmo assim, não houve interferência no atendimento, que acontece normalmente enquanto a serventia passa por pequenos ajustes.
Endereço: Rua Américo Gomes da Costa, 98 -Telefone / Fax: (11)6956-3227