

O BAIRRO DE SÃO MIGUEL PAULISTA
São Miguel Paulista é um distrito da região leste de São Paulo e, junto com Pinheiros, um dos mais antigos da cidade.Teve como núcleo inicial a chamada Capela dos Índios, uma igreja construída no século XVI para o aldeamento de indígenas da região. Ela é a única construção na cidade de São Paulo que, depois da reforma que sofreu no século XVII, conserva-se totalmente original, com paredes em taipa de pilão.Foi durante muitos anos chamado distrito da Penha de França, ganhando autonomia administrativa no fim do período imperial. Fez parte da constituição do bairro, a existência da estrada que ligava o Rio de Janeiro a São Paulo e que passava por dentro da antiga Aldeia de São Miguel. Hoje a estrada transformou-se nas Avenidas Marechal Tito e São Miguel.Servido pela linha F da CPTM que foi inaugurada na década de 1930 e pelo Terminal São Miguel, o distrito permaneceu estagnado durante mais de um século. Hoje, tornou-se um importante centro comercial e populacional regional e abriga ainda uma universidade. É uma das regiões mais populosas da cidade.Teve como um dos principais fatores de desenvolvimento, as atividades da Companhia NitroQuímica Brasileira, do Grupo Votorantim, desde 1932, que gerou uma grande migração para São Miguel, principalmente de nordestinos. A indústria foi uma resposta do empresário José Ermírio de Moraes à liderança das Indústrias Matarazzo na produção do raion, a seda sintética. Hoje a indústria trabalha com outros produtos, ainda na área química.São Miguel conta com uma rede de serviços públicos e privados considerável, com escolas, hospitais, comércio e indústrias variadas.

O bairro de São Miguel Paulista, no extremo leste do município, começou a existir para os colonizadores portugueses quando ali colocou os seus pés o padre José de Anchieta, em 1560. O religioso teria se encontrado naquelas terras, chamadas de Ururaí, com índios guaianazes cujo líder era Piquerobi, irmão de Tibiriçá. Esses nativos haviam abandonado a região do colégio jesuíta de São Paulo, pois os moradores da vila de Santo André da Borda do Campo foram transferidos para São Paulo de Piratininga e a chegada de levas de brancos havia atemorizado os guaianazes do planalto; por isso, muitos acabaram por se retirar, entre eles os que iriam fundar a aldeia de Ururaí, nome do rio que depois se chamaria Tietê. Segundo a tradição, o padre Manuel da Nóbrega pediu a Anchieta que prosseguisse com a obra de evangelização dos índios. Este, então, teria tomado a iniciativa de erguer uma pequena igreja de paredes de taipa de pilão, que recebeu o nome de São Miguel, arcanjo do qual Anchieta era devoto e que também era o padroeiro de sua terra natal, La Laguna, em Tenerife, na Espanha. Nem sempre os historiadores têm opiniões convergentes sobre esse conjunto de acontecimentos. Em todo caso, a igreja é considerada templo religioso pioneiro da cidade de São Paulo e reconhecida como uma das construções mais antigas do estado, superada somente pelo forte da Barra Grande de Santos e pelo de Bertioga, ambos de meados do século XVI. Por sua importância histórica, ela seria o primeiro bem tombado pelo Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), em 1938. Em seus primórdios, o bairro de São Miguel tinha como importante referência o porto no rio Tietê, no local mais largo e profundo, que permitia a travessia para a outra margem. O aldeamento se transformaria em importante posto avançado no sistema de vigilância e defesa da vila de São Paulo contra os ataques dos inimigos tamoios que entravam pelo rio Tietê. A constante chegada de europeus ao território indígena permitiria a ampliação do setor agrícola. Para isso, a região de São Miguel foi dividida em pequenas propriedades, no entanto sempre mantida à margem do desenvolvimento de outras partes do país. Aos poucos, o local foi assumindo as características de um povoado europeizado, com a instalação de muitas fazendas dedicadas à agricultura e à pecuária. O aniversário do bairro passaria a ser comemorado de forma oficial a partir do ano de 1622, data em que surgiu – edificado sob coordenação do bandeirante Fernão Munhoz e do jesuíta João Álvares – um novo templo religioso erguido a partir das bases da pequena igreja. Mantida em um contexto de dificuldades permanentes, apenas em 1691 a igreja de São Miguel Arcanjo passaria pelos seus primeiros reparos. No começo do século XVIII os franciscanos promoveriam profundas reformas sem que ela perdesse suas características originais. Uma intensa expansão industrial verificada em território paulista começou no final do século XIX. As vias férreas ali implantadas logo seriam acompanhadas pela formação de empresas industriais da capital e arredores. São Miguel Paulista, até então à margem do desenvolvimento paulista, estaria entre essas áreas, junto à Central do Brasil. O primeiro setor industrial expressivo seria o de olarias e fábricas de produtos de cerâmica, com a chegada do século XX. A população da região aumentaria ao mesmo tempo: as fábricas motivam o surgimento de bairros operários que não parariam de se expandir até a época da Segunda Guerra Mundial. As empresas instaladas no bairro seriam favorecidas pelo grande contingente de mão-de-obra barata disponível. Essa população seria em grande parte formada de nordestinos quase sempre fugidos das secas de sua região, mas também às vezes trazidos pelas indústrias para abastecê-las em suas necessidades. Várias fábricas importantes conduziriam à formação, ao seu redor, de vilas de trabalhadores densamente povoadas. Mais integrada, posteriormente, a região de São Miguel seria percorrida pela estrada Rio – São Paulo, naquele bairro transformada em ruas e avenidas assim que entrou em operação a rodovia presidente Dutra, ligando as duas maiores cidades do país. Em nossos dias, cada vez mais acompanhando o ritmo da capital paulista, o bairro tem se mostrado dinâmico e cosmopolita, o que se revela em seus restaurantes, lanchonetes, associações, jornais semanais, clubes, igrejas cristãs e até em uma mesquita islâmica, voltada a atender a ininterrupta chegada de imigrantes de origem árabe-muçulmana. A mesquita se localiza na região central e os religiosos que dela cuidam administram também um colégio dessa comunidade. As opções – públicas ou particulares – nas áreas de educação e de saúde estão em crescimento constante. O comércio mais intenso gira em torno da praça, ativado pelas quatro principais avenidas: Nordestina, São Miguel, Pires do Rio e Marechal Tito. A estação de trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) fica também ali perto. O mercado municipal é bem cuidado e organizado; nele, há características especiais que chamam a atenção do visitante, como a existência de um sebo para a venda de livros e revistas.
Essa bela praça central, Padre Aleixo Monteiro Mafra, é um modelo de referência urbana e centro de lazer. Ampla, arborizada, local de eventos e festividades, é conhecida por todos os moradores como a Praça do Forró. Além da igreja de São Miguel Arcanjo, ali fica também a catedral do bairro, fundada no ano de 1952, onde se guarda o pedaço de um fêmur de José de Anchieta em um relicário dourado depositado no altar.
Essa bela praça central, Padre Aleixo Monteiro Mafra, é um modelo de referência urbana e centro de lazer. Ampla, arborizada, local de eventos e festividades, é conhecida por todos os moradores como a Praça do Forró. Além da igreja de São Miguel Arcanjo, ali fica também a catedral do bairro, fundada no ano de 1952, onde se guarda o pedaço de um fêmur de José de Anchieta em um relicário dourado depositado no altar.

