quinta-feira, 13 de setembro de 2007

RELIGIÃO EM SÃO MIGUEL

ENTREGUE PRIMEIRA FASE DA REFORMA DA CAPELA DE 1560 ! Foi celebrada ontem em São Miguel Paulista, com a presença do prefeito Gilberto Kassab (DEM), representantes do Exército e de empresas públicas e privadas, a primeira fase da restauração da Capela de São Miguel Arcanjo, a mais antiga edificação em taipa de pilão do Estado de São Paulo. As obras tiveram início há 3 anos e consumiram R$ 3 milhões, principalmente de recursos federais - a Petrobrás é a principal patrocinadora. A meta agora é obter mais R$ 2 milhões para a segunda fase do projeto, que inclui a restauração de 17 obras de arte, a criação de um museu aberto e a retomada dos trabalhos litúrgicos.A capela de São Miguel e a de Nossa Senhora de Pinheiros foram construídas pelos jesuítas no mesmo ano, em 1560, para abrigar os índios que deixavam a vila de São Paulo de Piratininga por temer a escravização pelos colonizadores portugueses. "Por isso dá para dizer que os bairros de São Miguel Paulista, que era a vila de São Miguel de Ururai, e Pinheiros são irmãos gêmeos. Um ficou muito rico e o outro pobre", comparou o advogado e pesquisador do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo Sylvio Bomtempi, autor de livro sobre as origens do bairro da zona leste.Em 1622 a capela passou por uma ampliação que a deixou no formato que ela tem hoje. A última restauração tinha sido realizada entre 1939 e 1940. Nos últimos anos, a capela dividiu a praça que ocupa com grandes shows de forró. Em um deles, cerca de 10 anos atrás, o telhado desabou quando parte do público escalou a igreja para ter melhor visão do espetáculo - os shows estão proibidos ali desde o passado.A atual restauração foi elaborada e executada pelo mesmo grupo que recuperou a catedral da Sé e o Mosteiro de São Bento, no Rio. Houve o cuidado de analisar no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) a composição original da parede e da madeira da capela para a escolha das árvores empregadas e do solo para fazer os tijolos."Foi um trabalho artesanal, e a história dessa igreja, com mais de 400 anos, se confunde com a história da cidade", disse o engenheiro Ronaldo Ritti Dias, diretor da Concrejato. Uma das surpresas encontradas durante as obras, segundo o engenheiro, foi a descoberta de pinturas indígenas do século XVII nas paredes escondidas sob os altares de madeira construídos no final do século XVIII. Outra foi uma imagem de São Miguel Arcanjo feita em papel maché. No processo de recuperação da obra, os restauradores descobriram que ela tinha sido feita sobreposta a outra peça, feita de terra no século XVI, também de São Miguel.Uma das principais preocupações agora, segundo a diretora da Formarte, Rosana Delellis, é com a segurança do futuro museu. "Não adianta recuperar todas as 17 obras da capela para depois roubarem", disparou Rosana, que também ficará responsável por formar o quadro técnico e administrativo do museu."Vamos treinar pessoas do bairro, principalmente jovens. A capela ultrapassou muito seu caráter religioso. Com a inauguração do museu a vida cultural aqui vai pulsar e a região vai atrair os olhares da cidade pra cá", completou o padre Geraldo Antonio Rodrigues, que quer celebrar uma missa todo dia 29 com o uso do latim, órgão mecânico e canto gregoriano. Segundo o padre e os responsáveis pelas obras, a capela estará aberta ao público no fim do ano se a verba para a segunda fase do projeto de restauração for obtido até setembro.
PADRE ALEIXO
São Miguel Paulista possui uma diocese, diversas igrejas evangélicas e centros espíritas. Uma importante referência religiosa de São Miguel Paulista foi o Padre Aleixo Monteiro Mafra, nascido na cidade paulista de Guaratinguetá no dia 11 de Fevereiro de 1901. Padre Aleixo chegou no bairro para tomar posse de sua paróquia (velha capela), no dia 2 de março de 1941. A praça que hoje leva seu nome em uma justa homenagem, chamava-se Praça Campos Sales. A Igreja Matriz de São Miguel era ainda a velha capela construída em 1622 e mal comportava duzentas pessoas. Padre Aleixo era obrigado a rezar várias missas dominicais para que todos os fiéis pudessem assistir. Quando Padre Aleixo assumiu a paróquia, o bairro possuía cerca de oito mil habitantes; dez anos depois, já eram quase quarenta mil, razão pela qual, a Arquidiocese de São Paulo achou necessária a construção de uma nova Igreja Matriz, em conjunto com Padre Aleixo. No dia 13 de Janeiro de 1952, finalmente foi assentada a pedra fundamental da nova Igreja Matriz, com a presença de personalidades civis e eclesiásticas. No dia 29 de março de 1964, Padre Aleixo foi afastado da Paróquia de São Miguel Paulista pela Cúria Diocesana, após 23 anos de serviços prestados. Seu afastamento não foi devidamente esclarecido, tendo causas contraditórias. Em 22 de Agosto de 1965 é inaugurada a nova Igreja Matriz. Dessa forma a velha capela, que estava ligada ao antigo tempo colonial, cede lugar à nova Matriz, tornando-se apenas um patrimônio histórico e artístico na Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra. Com a perda da paróquia onde havia trabalhado com afinco durante tantos anos, Padre Aleixo sofreu um abalo de saúde e de saudade e no dia de seu 66º aniversário, 11 de fevereiro de 1967, vem a falecer. Em sua homenagem o bairro tem uma de suas principais praças com seu nome, que por causa da grande migração nordestina acabou tendo o apelido de "Praça do Forró", pelo qual é mais conhecida.

DOM FERNANDO LEGAL AVALIA SEUS 18 ANOS DE BISPADO EM SÃO MIGUEL PAULISTA.

A caminhada da Igreja Católica na Zona Leste é contada em três capítulos distintos e muito significantes, tanto do ponto de vista religioso quanto político. O primeiro foi caracterizado pela chegada das “missões”,nos idos de 1.500 quando padres jesuítas e carmelitas desbravaram a região, marcaram territórios e catequisaram índios, brancos e negros. O segundo ponto ocorreu muito tempo depois, quando a Capital passou a ser dirigida pela Arquidiocese de São Paulo,confiada a Dom Paulo Evaristo Arns, entre 1970 e 1998; e o terceiro capítulo, iniciado em 15 de março de 1989, foi escrito quando o papa João Paulo II decidiu fragmentar a administração da Igreja paulistana em cinco regiões episcopais, segundo estudiosos, para ceifara influente atuação de Dom Paulo Evaristo Arns, e seus bispos auxiliares. No pacote de novas dioceses criadas pela Santa Sé constou a de São Miguel Paulista, então administrada pelo bispo dom Angélico Sândalo Bernardino. Líder da Pastoral Operária, ele foi transferido para Blumenau,Santa Catarina, onde fundou uma diocese, e para seu lugar foi nomeado o paulistano da Barra Funda, dom Fernando Legal, um salesiano formado sob a luz e doutrina de Dom Bosco, e que estava no comando da Diocese de Limeira-SP. Em dezembro de 2006, após 17 anos na região,e 75 anos de idade completados, Fernando Legal entregou sua carta de renúncia para a Santa Sé, conforme orienta as regras da Igreja Católica. Padres, freiras e pessoas ligadas a ele acreditam que Bento 16 anuncia o nome do novo bispo de São Miguel Paulista, depois de outubro, quando dom Fernando deve inaugurar um seminário na região. Enquanto o novo “operário da messe” não vem, dom Fernando Legal continua aplicando os projetos traçados.Na última semana, ele recebeu a reportagem do NI para avaliar seus 18 anos de trabalho à frente da nona maior diocese do Brasil. E abriu afirmando ter consciência de que sua missão foi cumprida, embora tenha enfatizado que prefere deixar a questão para os outros avaliarem. Segundo ele, sua tarefa principal confiada pelo papa era criar, no Clero, uma consciência e estrutura de Diocese para a Igreja caminhar com as próprias pernas na região. Para tanto,ordenou padres e nomeou ministros,diáconos e catequistas.Criou dezenas de paróquias e comunidades instaladas,além de coordenar a construção de um seminário e desenvolveu vários projetos pastorais.Dom Fernando Legal analisa que desde sua chegada até os dias de hoje, o catolicismo na área geográfica que comanda não sofreu com a fuga de fiéis, conforme indicam pesquisas feitas por ocasião da visita de Bento 16, em maio último.No entanto, reconhece que na Cidade Tiradentes os evangélicos ocuparam mais espaço. A população carente e a falta de terrenos e padres foram, e ainda são, os maiores obstáculos enfrentados pela Igreja naquela área, conforme disse o bispo.Dom Fernando elogiou o trabalho dos padres mais antigos e que permanecem na “casa” desde sua chegada.Sem eles, destacou, não seria possível começar. Antes, porém , ressaltou que as mudanças de rumo naquele momento eram naturais.“Ninguém fica igual a vida inteira. Tudo estava mudando naquele momento e a Igreja também...”, lembrou ao falar do início de suas atividades por aqui. Com relação a seu substituto, a autoridade católica não deu nenhuma pista sobre quem poderá ser. Sequer falou se indicou algum padre da Diocese de São Miguel Paulista. “Você quer me complicar?”, questionou,sorrindo. Dom Fernando Legal também passou sua impressão sobre a visita do Papa Bento 16 ao Brasil. Para ele, foram dias que ficarão na História.“A relação do povo como Sumo Pontífice e as mensagens deixadas por ele foram os pontos mais relevantes dessa passagem pelo Páis”, avaliou.Como destaque sobre a visita papal, dom Fernando Legal classificou como “transformadoras” as mensagens propagas por Bento 16,especialmente aos jovens, no Estádio do Pacaembú, e também as que foram dirigidas aos bispos do Brasil, em missa na Catedral da Sé. Sobre o resultadoda 5ª Conferência Episcopal Latino-americana (CELAM), o bispo de São Miguel Paulista considerou ideais as linhas de trabalho apontadas para os próximos dez anos. Entretanto, refuta a idéia de que a Igreja (o povo) tem que sair às ruas para evangelizar, frear a evasão de fiéis e reconquistar as ovelhas desgarradas. “Não é isso. Todos podem e devem evangelizar em casa, no trabalho,na escola... Não é sair batendo de porta de em porta.Não precisamos de quantidade,mas de qualidade”, alertou.De volta a aposentadoria, o primeiro bispo da história de São Miguel Paulista (Zona Leste)disse que ainda não sabe para onde vai quando for aceita sua renúncia pelo Vaticano e sair a nomeação do substituto.Disse também que embora as dioceses sejam responsáveis pelos seus bispos eméritos, ele não preparou nenhuma casa para abrigá-lo. “Sou salesiano e a congregação tem muita sobras e casas pelo Brasil. Talvez eu vá para uma delas, mas por enquanto ainda não pensei nisso”, encerrou

A Diocese de São Miguel Paulista foi criada pelo Papa João Paulo II em 15 de março de 1989, desmembrada da Arquidiocese de São Paulo, sendo o seu 1º Bispo Diocesano Dom Fernando Legal que a pastoreou de 5 de março de 1989 até os dias de hoje, sucedendo-lhe como 2º Bispo Diocesano Dom Manuel Parrado Carral. Situa-se no leste do Estado de São Paulo tendo como limites a Arquidiocese de São Paulo e as Dioceses de Guarulhos e Mogi das Cruzes. Possui uma superfície de, aproximadamente, 199,94 km2 e uma população de 3 milhões de habitantes, em crescente crescimento, e sua densidade demográfica é de 10,6 hab/km2. É considerada a menor diocese do Brasil em território e a que possui a maior densidade populacional do Brasil. A Diocese de São Miguel Paulista, atualmente, possui 100 paróquias e 260 comunidades. Conta com a presença de 140 padres e de algumas dezenas de Congregações masculinas e femininas. Para a formação dos futuros padres diocesanos possui 3 casas de formação, que são: - Seminário Propedêutico São Miguel Arcanjo; - Seminário de Filosofia São José – construção nova inaugurada em outubro de 2007; - Seminário de Teologia Nossa Senhora da Penha. Situa-se no território da Diocese de São Miguel Paulista, a Capela mais antiga como construção original, século XVII, intitulada Capela de São Miguel Arcanjo, popularmente, conhecida por Capela dos Índios e está, atualmente, em obras de restauração. Pertence a Diocese de São Miguel Paulista o Santuário Eucarístico Nossa Senhora da Penha tradicionalmente conhecido, em toda cidade de São Paulo, como Igreja de Nossa Senhora da Penha. Conheça um pouco de sua história:A primeira informação que obtivemos quanto à sua construção foi ainda colhida nos Inventários e Testamentos, em 1673. Naturalmente essa informação indica um aumento no templo, que vinha crescendo junto com o lugarejo, passagem para a aldeia de São Miguel. Os devotos cresciam em número, moradores e proprietários de terras nas redondezas, precursores dos nossos fazendeiros. Templo quase três vezes secular, portanto, com certidão de idade passada por numerosos documentos oficiais, documentos da Câmara da Vila de São Paulo, do seu Registro Geral. À sua sombra descansavam viajantes que iam de rumo posto para o Rio de Janeiro. Na Penha faziam pouso os paulistas que demandavam as minas das Gerais. Saíam pela manhã da cidade e iam “ordinariamente pousar em Nossa Senhora da Penha, por ser (como eles dizem) o primeiro arranco de casa”. Em volta da igreja havia albergues para descanso de itinerantes, de tropeiros, de comerciantes, de soldados. E havia mesmo um hotel – o Hotel América, onde pernoitou, a 15 de outubro de 1874, o conde d’Eu, esposo da princesa Isabel. A situação privilegiada em que se encontra o templo, numa colina saudável e de largas vistas foi sempre um motivo para recreios e festas, de que usufruíam os fiéis quando para lá iam com os seus problemas pedir soluções à Senhora da Penha. Por ser lugar, vamos dizer, de pouso obrigatório, é que surgiu uma lenda, a lenda do viajante francês, que teria dado, na tradição mantida pelos padres até hoje, origem à igreja de Nossa Senhora da Penha. Vejamos como ela é narrada oficialmente: “Diz uma tradição popular que um devoto francês viajando de São Paulo ao Rio, levou consigo uma imagem da Virgem, que trouxera de sua pátria. De caminho pernoitou na Penha. Ao raiar do dia pôs-se a partir com toda a sua bagagem. Mas qual não foi o seu espanto quando, à noite, deu pela falta da sua imagem. Voltou incontinenti em procura do seu tesouro e encontrou-o no alto da colina, de onde pernoitara na véspera; tomou-a e continuou a viagem. Ao cair da tarde entristeceu-se ao notar a ausência da imagem; retornou novamente e verificou que a imagem se encontrava no mesmo lugar da véspera. Homem de fé profunda reconheceu, nesse fato, que a Virgem escolhera a Penha para o seu trono e morada. Construiu-lhe uma pequena capela no lugar escolhido pela mão de Deus. A notícia correu e o povo, aos poucos, começou a venerar a imagem miraculosa, e paulatinamente o bairro começou a popular-se, de sorte que em 1796 a Penha pode ser levada à categoria de paróquia, desmembrada da Freguesia da Sé”.
Essa é a lenda cuja idade, embalando a crença dos fiéis, não pudemos determinar. Ela pretende explicar o nome de Penha de França. Mas deve, mesmo, ser muito antiga, daqueles tempos possivelmente em que a imagem de Nossa Senhora da Penha vinha para a cidade com prévia comunicação à Câmara para maior brilho dos festejos e recepção, e vinha com “suas jóias, e alfaias”. Ia esperá-la na igreja do senhor Bom Jesus de Matosinhos (Brás) a Câmara incorporada, coberta com o seu Imperial Estandarte, trazendo-a depois para a Catedral da Sé.Devido ao movimento sempre crescente das romarias, informa o manual de Nossa Senhora da Penha, e ao desenvolvimento da piedade do povo penhense, a velha matriz que comportava, quando cheia, cerca de 600 pessoas, tornou-se insuficiente para as funções religiosas. Em um ano apenas levantou-se o templo atual, em estilo de basílica, com capacidade de abrigar nas funções religiosas 2.500 pessoas.A velha Penha e inesquecíveis lembranças na história religiosa de São Paulo, dos milagres inumeráveis, das festas de muitos dias e muitas noites. Remédio específico para secas e epidemias de bexiga no São Paulo do século XIX e fins do século XVIII. Isolada no alto da colina longínqua que, como a da Nossa Senhora do Ó, domina a paisagem da terra febricitante que viu crescer lentamente desde o Anhangabaú, correndo depois pelo Brás – pelo famoso aterrado do Brás – para adormecer aos seus pés.