Em recente pesquisa na subprefeitura de São Miguel Paulista, o arquiteto urbanista Ruy Barbosa Silva, encontrou a planta cadastral do antigo Gegram/SP, que define o antigo cemitério de São Miguel Paulista. Analisando o documento percebeu que a orientação seguida para implantação da capela remete as utilizadas em outras construções do período colonial. Segundo o arquiteto, os Quadrantes Cardinais 45º Nordeste e outro 45º Noroeste que definiu a situação da capela segue similar as que foram adotados pelo carpinteiro Fernão Munhoz para “fazer” a igreja dos índios Guaianá em 1.622. Conforme declarou em seu testamento, recebeu terras dos índios para quadrilhar a estrutura de madeira, e erguer os taipais que foram enchidos pelos aborígenes com a terra das barrancas do velho Anhenby, nosso atual Tietê, para agradar o padre diretor da aldeia João de Almeida e o Capitão Jerônimo Leitão. Conforme mostra a foto, dois eixos ortogonais, a partir das ruas Henrique Paulo França e Joanita de Oliveira, configuram uma Cruz, segue a mesma orientação da implantação da atual capela de São Miguel. Esse método também foi seguido para outros imóveis do mesmo período, tais como o a Capela do Morumbi e a Casa do Tatuapé, ressalta o arquiteto. Segundo o arquiteto, “acredito que se for possível remover o asfalto lançado sobre o local onde hoje funciona o estacionamento do CMCT I, possivelmente ainda podemos encontrar seus alicerces que foram executados com tijolos de barro queimados numa das remotas olarias de São Miguel”. Uma estrutura memorial autêntica numa área de aproximadamente (5x15), de perímetro, ou seja, 75. m2. que ainda permanece encrustada naquele campo que foi sacramentado. Sendo assim, por exemplo, poderíamos tentar concretizar uma maravilhosa sugestão da Profº Eunice Martins Garcia (Nicinha), que segundo ela, podemos inserir uma lâmina de vidro tratada por um artistas da região simulando um espelho d’água, principal elemento que definiu a escolha destes campos de Ururaí para abrigar a grande Taba de Piquerobí onde estaria homenagiando também aqueles que ali um dia foram velados e sepultados. A História busca compreender, na medida do possível, o comportamento e os feitos humanos ao longo dos séculos.Entretanto cabe a nós, definir as ambigüidades do mundo simbólico e a pluralidade das possíveis interpretações desse mundo. Diante das discussões sobre a implantação da nova biblioteca de São Miguel, neste local, ficam ai sugerido as autoridades municipais que no projeto da mesma, seus alicerces sejam resgatados e expostos demarcando seu quadrilátero para que seus leitores a percebam, assim como descreveu Jean Baudrillard, “que versões do passado são constantemente recicladas, em potenciais permanentes presentes, reutilizáveis alternadamente como ponto de informação coletiva. Sandra ZildaS.Marques´/ Mestre/emHistória/pela/PUC/SP