segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

PARA LER E PENSAR ! ( NOSSA HISTÓRIA SOB OS ALICERCES DE UMA ESCOLA )

A VERDADEIRA HISTÓRIA !

Em recente pesquisa nos arquivos da subprefeitura de São Miguel Paulista, o arquiteto Ruy Barbosa Silva, encontrou um Mapa Cadastral do antigo GEGRAN-SP, onde encontrou implantado todo o conjunto edificado do antigo cemitério do bairro. Conforme sua análise o destaque surge no tocante à capela cuja situação foi definida pelos quadrantes 45º Nordeste e 45º Noroeste, similares aos determinados pelo quadrilheiro Fernão Munhoz para a reconstrução da igreja dos Guaianá de 1.622, situada à apenas 400 metros daquele local. Conforme mostra a foto, no encontro dos dois eixos perpendiculares a definem, surgindo alinhados a partir das ruas Henrique Paulo França e Joanita de Oliveira, configurando um cruscépto. Segundo ele, estes quadrantes foram também utilizados na Casa do Tatuapé e do Morumbi, e sugere que seja removido o asfalto lançado no estacionamento do CMCT I, expondo seus alicerces ao público e aos leitores da futura Biblioteca de São Miguel.
MANIFESTO, ENTRE CARAS E CARETAS DA CULTURA.
Em junho de 2008, nos moradores do bairro de São Miguel Paulista recebemos a informação de que a Secretária da Educação do Município iria construir mais uma EMEF intitulada Daniel Bernardo ao lado da EMEFM Darcy Ribeiro, construída em 1989 na época sem demanda no âmago do terreno que sediou o cemitério velho do bairro, localizado na antiga Lajeado atual Av. Nordestina, esquina com a rua homônima a “futura” escola. Historicamente, após a desativação do cemitério velho, parte deste terreno foi cedido para a Secretaria da Cultura do Município de São Paulo, para sediar uma Biblioteca Pública, que não saiu do papel até hoje, e partir daí tornou-se alvo de várias reivindicações por diversos agentes engajados na discussão de revitalizar aquela área como um complexo cultural para atender a população que circula no Centro Histórico de São Miguel, tendo como meta atender a população de estudantes das várias escolas situadas no entorno local, assim como os trabalhadores do grande comércio circundante. Por esta meta, vários agentes promotores vieram aderindo e contribuindo a causa, entre artistas, intelectuais e público simpatizantes, todos passaram a se reunir a partir das experiências culturais promovidas a partir de 1978, pelo MPA- Movimento Popular de Arte no interior da velha igrejinha dos índios Guaianá, que colocou o bairro de São Miguel no roteiro cultural da cidade quando em parceria com a secretaria de cultura em 1984, montaram naquele terreno o MPA / Circo Picadeiro Cultural, abrigando diversas experiências que embalaram a década. Estes agentes recentemente se voltaram a se reunir após terem lido no Blog Notinhas de São Miguel, informando “O Sonho Acabou”, ou seja, a construção de mais uma escola sem demanda naquele local em detrimento do tão esperado espaço cultural. Uma polemica paradoxal, pois educação também se faz diante dos respeitáveis 32 anos de lutas e reivindicações pelo Espaço Cultural cujas verbas para sua construção, chegaram a ser liberadas pelo artista Jean Francesco Guarnieri, então Secretário da Cultura no governo do prefeito Jânio Quadros, mediante proposta de anteprojeto elaborada pelo arquiteto e urbanista Ruy Barbosa Silva, colaborador do M.P.A. desde, 1984. Tais verbas não chegaram ao seu destino, pois, foram transferidas para a reforma do Teatro Municipal de São Paulo e após o abaixar da lona, este terreno ficou ocioso, sem proposta de ocupação pela secretaria da Cultura Municipal ou Estadual. Rearticulados recentemente pelo Fórum de Cultura, Rede de Cultura de São Miguel, Biblioteca Raimundo de Menezes, Sub-Prefeitura e Secretaria de Cultura Municipal propondo o resgate desta meta, desde o início da atual gestão. Anteriormente a este episódio a Rede de Cultura, havia voltado a discutir uma definição para um projeto com a subprefeitura local, reunindo-se com o chefe de gabinete Edson Marques que aceitou trabalhar em favor desta da causa. Mas, após vários estudos novamente fomos notificados pelo subprefeito do município, Décio Ventura e pelo secretário de cultura Eduardo Kalil, que não teríamos avanços nessa proposta, pois não havia verbas para esta demanda. Logo a seguir fomos notificados na época pelo subprefeito Décio Ventura que tinha uma reserva de caixa e que poderíamos juntos desenvolver um projeto-piloto para esta finalidade, adequando um velho galpão na Vila Curuçá que pertencera a secretaria de abastecimento e estava disposto a adequar suas instalações para um centro de convivência da juventude. Foi na condição de autor dos vários estudos preliminares para o espaço cultural no terreno do antigo cemitério velho que o arquiteto e urbanista Ruy Barbosa Silva, foi convidado pelo subprefeito de São Miguel para desenvolver um projeto básico para adequar sua nova proposta para aquele galpão. Sendo assim, os estudos foram desenvolvidos em parceria com a arquiteta Rita Müller para se estabelecer uma concorrência entre construtoras para execução da reforma. O convite foi aceito, mas sob a condição premissa de a Subprefeitura trataria de atualizar a situação da nesga remanescente do terreno para abrigar a Biblioteca Municipal a ser construída futuramente pela secretaria de cultura. Passado alguns meses, fixaram a placa de obra, advinda de Siurb e Edif, para a construção de uma EMEF modelo padrão no terreno reivindicado para a cultura. Neste sentido, aos 25 de junho de 2008, realizamos uma reunião com a presença de diversos segmentos sociais do bairro: onde definimos por duas propostas, coletar um abaixo-assinado contrariando esta obra e encaminharmos ao secretário de educação e ao prefeito da cidade de São Paulo. Em 01 de julho houve uma reunião na DRE-MP com o diretor regional de educação, Isaias Pereira de Sousa, para que esclarecesse os fatos sobre a placa de obra da EMEF fixada no terreno e o mesmo enfatizou desconhecer a solicitação da obra, mas se propôs a agendar uma outra reunião com o secretario de educação Alexandre Schneider para receber nossa comissão. Antes dessa reunião, fomos surpreendidos com a sugestão do secretário de infra-estrutura Marcelo Branco a alguns membros da comissão a nos reunirmos primeiro com o diretor de EMURB, Edward Boretto Zeppo, para oficialmente reivindicarmos o nosso espaço cultural. Já para esta reunião, havia sido estabelecido que o arquiteto Ruy Barbosa Silva, apresentaria seus estudos para o Espaço Cultural, desenvolvido em parceria com a subprefeitura, e a Rede de Cultura, o que não foi possível, pois tomamos um banho de água fria na primeira fala do Zeppo, afirmando que “teria dificuldades em suspender a obra, pois a mesma já estava licitada, enfatizando que uma licitação demora seis meses para ser oficializada e que seria necessário comprovar com documentos a histórica reivindicação pela construção do espaço cultural, alegando ter de abrir um processo administrativo, para posteriormente encaminhar ao secretário de educação. (...)”. Em 16 de Julho fomos a agendada reunião com o secretário de educação, Alexandre Schneider, na qual inicialmente entregamos um histórico com documentos para comprovar nossa meta e solicitar que o mesmo nos ajudasse em nosso propósito, reconhecendo o papel histórico dos vários grupos e movimentos que atuaram na região ao longo desses 30 anos. O secretário muito simpático colocou suas dificuldades em relação ao contrato licitado com a construtora que já havia iniciado a terraplanagem no terreno. Mesmo assim, enfatizou que trabalharia conosco para reverter aquele impasse, abrindo a possibilidade sentarmos juntos com a equipe técnica para planejarmos as devidas modificações e que interviria pessoalmente junto ao prefeito Kassab, e faria o possível para tentar edificar naquele terreno um autêntico complexo educacional e cultural para promover uma integração histórica entre as duas secretarias, dignificando aquele campo sacramentado. Nesta reunião no seu gabinete e em outra realizada no terreno, o arquiteto Ruy Barbosa Silva, foi verbalmente convidado pelo secretário diante de toda a comissão e imprensa a se reunir com os técnicos de Edif para apresentar seus estudos preliminares e trocarem idéias para a concepção final da proposta a ser definida para o local. Na reunião solicitada à apresentação dos seus estudos elaborados o arquiteto convidado foi desprezado pelos técnicos de EDIF e SIURB para enfocar suas ultimas determinantes entre coordenadoria de educação e a comissão e nesta mesma reunião surge em cena os dois arquitetos, Ricardo Rubio e Roberto Comin, que conforme informe do eng. Walter Vendramim diretor de SIURB, ambos havia sido “contratados pelo prefeito Gilberto Kassab” para o desenvolvimento completo do projeto desde sua concepção espacial, o arquiteto Ruy Barbosa não entendeu nada, mas diante de colegas de profissão não protestou sobre esta determinante. Seguindo presente na reunião e tentando colaborar na definição de premissas do programa de necessidades para o conjunto para que os profissionais “contratados” se aproximassem da concepção que integrasse a escola existente como um elemento catalisador entre a Biblioteca e o Auditório conectando estes ao CMCT. Contundente nesta colocação, que pareceu ter desagradado a alguns, pois a partir dai à reunião tornou-se mais tensa e terminou sem Ata e com um brinde de despedida advindo do coordenador Isaias Pereira de Sousa. Mediante tal condição, o convidado apenas como integrante técnico da comissão continuou participando das reuniões, e a partir daí constatou várias falhas no andamento da proposta que foram alertadas para todos os integrantes da comissão, mas que por motivos pessoais ou políticos de uma minoria de alguns membros da comissão começaram a achar que as críticas dele eram apenas devido a sua rejeição pelos técnicos na composição da equipe para desenvolver o projeto e que posteriormente “utilizaram parte de suas idéias”, conforme notificação músico Zulu de Arrebatá, encarregado de acompanhar as alterações no anteprojeto. Após vários impasses, controvérsias entre a comissão e as secretarias, o projeto desenvolvido pelos arquitetos “amigos” do diretor Valter Vendramim, prevaleceu como uma falta de consenso geral, mas “aprovado” por uma minoria de apenas 05 representantes da comissão de cultura. Em 27 de Novembro, houve uma licitação, tipo carta convite de Siurb, onde constou entre as três empresas concorrentes, sendo duas de engenharia e uma de arquitetura e tendo como vencedora por menor preço: R$ 89.0000,00 a proposta vencedora de Rubio e Comin Arq e Construção, agora oficialmente contratados pela secretaria de obras da cidade para desenvolver apenas o projeto básico do Centro Educacional e Cultural de São Miguel. Tendo em vista que hoje esta “dupla” de profissionais já estão desenvolvendo o projeto básico ainda repleto de impasses na sua concepção espacial, durante todo o processo EDIF e SIURB alegavam urgência na sua definição, pois também estavam sendo pressionados pela burocrática da máquina Municipal. Entretanto, se o mesmo vier a ser edificado como foi concebido, este projeto se erguerá como um monumento à contradição e a antidemocracia e carregará este estigma, tornando desde sua fundação um objeto anti-educacional e cultural mais um ícone das falcatruas que ainda imperam no âmago máquina pública e ao contrario do prometido pelo secretário da educação Eduardo Schneider, será que futuramente teremos que nos deparar na paisagem urbana de nosso bairro com mais este péssimo atributo para um edifício que teria de abrigar e integrar a função de educador e cultural. Num espaço caracterizado como (ZEPEC) de Preservação Cultural, art.168, que configurava o local como sítio para manutenção do patrimônio histórico, artístico e arqueológico, pois lá sediava o antigo cemitério do Bairro e situa-se a apenas 400 metros da Quatrocentona Igreja dos Guaianazes, tida como núcleo fundador do bairro em 1.622. Em 2006, o Movimento Defesa São Paulo (MDSP) apresentava inúmeros questionamentos sobre aquele processo de revisão do (PDE), da cidade, onde todo o contexto das audiências públicas apenas simulava um exercício democrático, mas que efetivamente serviu como trampolim de manobras para legitimar diversas alterações que surgiam arbitrarias pela Câmara de Vereadores da Cidade de São Paulo. E o movimento por uma cidade mais justa e sustentável, Nossa São Paulo ainda não pegou no foco, Nossa São Miguel. O fato é que o Governo Municipal continua não fazendo sua lição de casa em dialogar plenamente com os cidadãos antes de agir, subvertendo a máxima de representar a cidadania e a democracia na condução das decisões que designam as transformações desta Megalópole. Pois segundo a proposta aprovada, também propõe remover os estudantes de um prédio que já ocupam a 19 anos, atualmente situadas a 40 metros de uma esquina perigosa, cuja a nova proposta propõe transferir para apenas 5 metros, que colocará os estudantes em condição de risco além do ruído intenso dos automóveis. O Conselho de Escola da EMEFM Darcy Ribeiro rejeitam esta intervenção radical na escola, uma vez que esta sempre foi considerada no bairro uma ótima escola desde a década de 90 em função de uma gestão diferenciada desde a sua implantação que coloca o Darcy com este diferencial num momento turvo em que encontram-se as escolas públicas paulistas. Sabendo-se também que no mesmo projeto de edificação, também se vislumbra um prédio que não abrigará a nossa Biblioteca Municipal Raimundo de Menezes, tendo como evidencia que a sua implantação negligencia a existência das árvores remanescentes no terreno, pois sabemos algumas delas pertenceram ao conjunto de alamedas do antigo cemitério. E o mais absurdo é que na implantação do conjunto, ainda propõem um muro de arrimo para tentar ocultar de todos uma seqüência de covas coletivas, que surgiram durante a terraplanagem, ambiguamente intitulada de fundos de caixão pelo delegado de plantão de uma seccional que não pertencia à região, confundindo oito invólucros de sacos plásticos azul eqüidistantes sob sete palmos de terra, que segundo desabafo do carpinteiro da construtora responsável pelos serviços, afirmou em bom tom que junto com as mesmas surgiram varias ossadas durante os serviços, inclusive um crânio. Sendo assim, que todos nós que promovemos e contemplamos aquelas tais experiências culturais naquele terreno, temos o direito de opinar sobre os desígnios daquele espaço, o que até o momento não ocorreu, mas apenas continuarmos sonhando, parodiando um velho mestre, sonhar não basta, precisamos tê-lo primeiro em nossas mentes para depois edificá-lo como um espaço digno no centro histórico de Ururaí. Mas que infelizmente mediante a uma aprovação equivoca da proposta apresentada que não contemplará plenamente as nossas metas para este espaço, mediante aos planos até aqui traçados e assim como devido aos métodos elaborados pelos seus atuais agentes promotores para promover este projeto coletivo, pois um dia muitos de nós quando circularmos entre suas futuras “paredes” será que poderemos nos expressar e representá-lo como um autêntico palco democrático da cultura e da educação inserido no centro de São Miguel Paulista. /ROGER LAPAN