sábado, 27 de setembro de 2008

MENINOS E MENINAS !

Até os três anos de idade, as crianças não sabem o que diferencia um menino de uma menina, e a não ser pelos estereótipos que herdam sem depender de suas vontades, não compreendem porque são diferentes. Mesmo o sexo para eles não representa uma diferença significativa. Sem dar muita importância ao fato, eles tratam aquele ser, mesmo quando se dão conta que possui um órgão sexual diferente do seu, como um igual, a despeito do sexo não semelhante. Na verdade, para elas, menino é aquele que tem cabelo curto, e menina quem tem cabelo grande, o que na verdade já é um estereótipo social, só que ainda não sabem disso. Na realidade nós cuidamos para que desde o início, a aparência transforme os gêneros em diferenças. Para uma criança pequena isso não tem a menor importância, pois as diferenças ocultas até favorecem o pleno desenvolvimento conjunto. O fato de gêneros diferentes compartilharem o mesmo espaço, prepara-os para se compreenderem mutuamente, para que possam mais tarde conviver num mundo sem disputas, respeitando o espaço peculiar a cada um, sem diferenças de espécie alguma, mas, nós fazemos questão de impedir que esse processo natural se concretize. Logo que nossos filhos nascem, cuidamos de nutrir em seus inconscientes o que primeiramente são, mulher ou homem. Como também já temos um padrão de tratamento para cada gênero, isso complementa a primeira parte do condicionamento que irá transformar menina e menino em seres completamente antagônicos, predestinados a viverem eternamente em conflito, diferentes até como seres humanos. O culto às diferenças passa a ser largamente empregado a partir de então, qualquer que sejam nossas ações. Repetimos os estereótipos que foram criados para dar origem às primeiras diferenças que deveriam existir entre eles. São as roupas, os brinquedos, os hábitos, etc. Na verdade, uma criança não precisa de nossa ajuda para aprender a diferenciar naturalmente os indivíduos do sexo oposto, porque isso deveria ocorrer de maneira natural, sem depender dos costumes que criam estas divisões. É uma fase natural no desenvolvimento de cada um, e isso deveria ser incentivado. Cada etapa do seu desenvolvimento, foi cuidadosamente projetado pela natureza obedecendo a um critério lógico e bem definido, que contempla a evolução dos seus sentidos e processo mental, o que logo cedo nós deformamos ao introduzir em seu mundo, nossos estereótipos especialmente criados para separar um gênero do outro. Por uma predisposição natural, meninas e meninos herdam dos genes do sexo, certas características que acabam por definir naturalmente, o processo de preferências de cada um, e isso definitivamente ocorre sem a menor necessidade de nossa inferência. Cabelos compridos, roupas azuis ou cor de rosa, carrinhos ou bonecas, saias ou calças compridas, tudo isso nós criamos para lhes dizer, desnecessariamente, quem é quem. Ora isso não tem a menor importância, uma vez que descobrirão naturalmente, na hora certa, sem deformações, com o melhor dos entendimentos; sem tabus, sem as maledicentes barreiras que nós, por interesses duvidosos, atribuímos existir entre sexos opostos. Mas quem seria o maior beneficiário com a instituição das diferenças precoces? Ao adotarmos uma postura que cria e depois fortalece o antagonismo dos gêneros, estamos dando os primeiros passos rumo a idéia de que no mundo nunca haverá entendimento. Do mesmo modo que instigamos o culto às diferenças, sem percebermos estamos estendendo essa prática para todas as áreas do convívio humano. Observando com mais atenção, podemos perceber que, a partir do momento que as crianças são segmentadas por gênero, toda uma imensa máquina indutora de hábitos, está por trás a apoiar e alimentar tal iniciativa; iniciativa que foi idealizada por eles, mas que delegarão para nós como um processo natural no desenvolvimento de cada indivíduo. Sem perceber, a partir de então, seremos seus agentes multiplicadores. Estamos de um modo tal envolvidos com a questão, que até nossas emoções foram cuidadosamente programadas, de maneira a tratar cada sexo como antagônicos, tornando-nos multiplicadores dessa idéia na mente coletiva. Existem mesmo reações específicas, por parte de mãe e pai, na forma de falar, nos grupos de palavras que empregam, nos gestos usados quando conversam com os filhos ou filhas. Mudam os conteúdos de cada diálogo, criando um verdadeiro modo operacional de como tratar meninas e meninos. É o poder das tradições que insistimos em perpetuar, ou porque nos falta interesse para questioná-las, ou porque é para nós mais conveniente simplesmente copiar aquilo que já existe pronto, o que decerto dará menos trabalho. Meninas e meninos ao brincarem juntos, estarão naturalmente criando os mecanismos naturais de respeito mútuo, já que ao longo do tempo, descobrirão um ao outro. Aprenderão sobre as particularidades de cada gênero, sobre o que agrada ou desagrada, de acordo com as predisposições naturais de cada um. Aprenderão mais sobre as suas particularidades emocionais, as formas como cada um reage às mesmas coisas; um aprendizado tão rico que seria incapaz de caber em qualquer compêndio educacional teórico. Ao conviverem de forma natural, sem a imposição dos nossos vícios e preconceitos, aprenderão espontaneamente a se respeitarem de acordo com suas limitações e disposições; estarão vivendo num mundo novo, já que cada dia será de descobertas. Não aprenderão que meninos se vestem de azul e brincam com carrinhos, nem que meninas preferem rosa e brincam necessariamente com bonecas, nem que meninos são agressivos e as meninas meigas; descobrirão tudo isso naturalmente, se for uma coisa verdadeira. Se fisiologicamente os gêneros são diferentes, isso também reflete de maneira decisiva na parte psicológica de cada um. Enquanto no homem o cérebro trabalha mais o lado direito, na mulher ele trabalha esquerdo e direito simultaneamente. Isto na prática tem uma importância dramática. O cérebro masculino enfatiza o movimento das coisas, a compreensão dos espaços físicos, dimensionamentos e formas geométricas; enquanto a mulher desenvolve mais os sentimentos e emoções, o dom da expressão e comunicação, a fala e a observação, a organização e zelo pelas coisas. convívio sem a instituição do gênero, faculta-os a compreenderem naturalmente o papel de cada um. Não tentarão se impor uns aos outros; nem haverá a necessidade do gênero dominante, pois isso apenas existe a partir do momento que instituímos o fraco e o forte, o inferior e o superior. Compreender isso é aprender a respeitar o espaço e limites de cada um, entender que os gêneros não existem para competir entre si, mas antes disso, para se completarem. Não existe inferior ou superior, e sim, diferentes predisposições e capacidades, naturezas psicológicas não antagônicas como queremos supor, mas peculiares a cada ser. /Jon Talber