Um dia a gente acorda e percebe que mudou, depois de levar muita porrada e ter os ossos moídos junto aos sonhos. Um dia a gente acorda e percebe que nem toda mudança precisa ser amarga, embora o que nos mova quase sempre seja a dor, esta parceira do imprevisto... Um dia a gente acorda e descobre do lado do avesso um espaço zen, uma espécie de paz interior que nos adula e acaricia, como se a mãe voltasse a nos pegar no colo. Neste dia, inexplicavelmente, decidimos que o melhor a fazer numa manhã é plantar um girassol só para ver, dali a um tempo, sem angústia, dilema ou rejeição, que a vida dança a dança dos dervixes...e que a nossa entrega à vida é um ritual sem hoje nem amanhã. A felicidade pode ser o ato de movimentar -se como os girassóis, para lá e para cá, só pra ver onde começa e onde termina o dia...sem pressa. Os acontecimentos não nos pertencem. /célia musilli