Quando você decide usar maior rigor na educação dos filhos parece que a sua mudança não adianta? Antes você sequer conseguia deixá-los de castigo? Agora compreende a importância de colocar limites rigorosos. Porém a prática é difícil? Você tem se esforçado, mas parece que não tem jeito? Além de frustrante, a raiva parece tomar conta de você? Sente-se em tortura constante? Experiências desgastantes ocasionadas pela tentativa de educar os filhos são comuns e causam todo tipo de sentimento, principalmente o de impotência e incompetência. Somos tomados pela desesperança e nos entristecemos. Embora nos preocupemos com a educação e o futuro dos filhos, o convívio presente tem proporcionado obstáculos consideráveis. O que está errado? Essa parece ser uma pergunta constante em nossas cabeças, levando-nos a misturar mal-estar e culpa. Nos desequilibramos ao comportarmo-nos de forma descontrolada em diversas ocasiões. Por que não dá certo se mudamos algumas atitudes em relação à educação dos filhos? Não obstante, devemos nos perguntar também: Será que eu mudei o suficiente para alterar o que pretendia? Por acaso eu tenho agido apenas na superfície dos acontecimentos e não no fundo da questão? Um exemplo é quando decidimos sermos mais duros na maneira de falar e cobrar, além de dirigir algum castigo aos filhos. Fazemos essas coisas num momento de ira, e não com o necessário equilíbrio, ainda indisponível internamente. Por conseguinte, com o passar de pouco tempo, sentimo-nos mal pelo que fizemos, não em relação ao ato, mas a forma adotada. Reconhecemos a atitude inadequada e voltamos atrás na decisão. Agimos assim comumente. Os filhos, por sua vez, percebem a tentadora oportunidade de escapar aos desprazeres da educação, criando, então, uma resistência cada vez maior. Ao refletirmos sobre a situação é possível perceber que mudamos por fora, por meio de alguns comportamentos, e não por dentro, pela consciência e transformação decorrente. Quando mudamos internamente agimos com maior justiça e propriedade. Ainda que estejamos em constante aprendizagem na educação dos filhos – ninguém nasce com este saber – ajuda muito possuir equilíbrio para manter o que merece manutenção, a exemplo de deixar os filhos experimentarem os próprios sentimentos e percepções, ainda que ruins, ocasionados pelo limite da educação, e não impedi-los de tal sorte. Falamos uma coisa e fazemos outra. Via de regra, tomamos decisões contraditórias ao que dizemos em razão do que sentimos em nós, e não no que eles sentem de fato. Misturamos problemas pessoais e questões mal resolvidas às percepções que temos dos filhos. Algumas de nossas experiências, especialmente as infantis, confundem-se na educação. Não o fazemos de propósito, pois nem percebemos. Todavia, precisamos cuidar deste tipo de confusão através de ajuda especializada, com psicoterapia. Através da terapia é possível enxergar coisas que ainda não vemos, porém nos dizem respeito. Podemos obter melhor qualidade de vida e estender tal benefício aos filhos, oferecendo-lhes educação mais adequada, aumentando a visão do que deve ser feito para se propor limites com maior ponderação. Para educar é preciso mudar de dentro para fora. Pais e filhos ganham. /Armando Correa de Siqueira Neto