Creio que num futuro nem tão distante, quando alguém repetir a máxima de que "o mundo é um moinho", ninguém entenderá. Afinal, chegará o dia em que não haverá moinhos, por não haver água para movê-los. Mas o que me pergunto mesmo é se nesse tempo haverá pessoas, para entender ou não a máxima que ninguém repetirá. Mais ainda, se existirão tempo, entendimento e máximas.Estamos falando de extinção. Da água e da natureza em um todo. Plantas e bichos. Rios e mares. Espaço e chão. O que não percebemos, ao dissertar aos quatro ventos (que também se extinguem), é que jamais cogitamos a nossa extinção. Que somos espécie também passível do extermínio promovido por nossa falta de consciência. Bichos sociais, seres inteligentes e gestores do planeta, o que estamos provando é que as demais espécies, quando não acuadas, são bem mais sensatas e inteligentes do que nós. Elas preservam tudo que as rodeia e se preservam. Nenhum outro predador é como nós, que devastamos por ambição desmedida. Matamos por esporte e poluímos indiscriminadamente por displicência, desrespeito e distorção do conceito de progresso e conforto para nós e os nossos.Faz tempo que a natureza reage à nossa truculência, tentando nos alertar. Recentemente as hecatombes cresceram, chegaram a continentes e países antes nunca incomodados por algumas manifestações, pelo menos com tanta violência. Sofremos, perdemos entes queridos, estamos vendo o mundo agonizar, nem assim lançando mão de pequenas e grandes atitudes ecologicamente viáveis para que os fenômenos naturais recuem.Temos que aprender logo a lidar com o lixo, o progresso, a agricultura, o esgoto e tudo o mais, estabelecendo um acordo com a natureza. Possuímos o poder de amestrar ciclones, acalmar oceanos, administrar a seca, impedir muitas enchentes e a desertificação, a partir da consciência coletiva, uniforme. Uma trégua nessa guerra entre nós, os produtos de nosso avanço tecnológico e tudo o mais não significa o retorno ao tacape ou à era medieval, mas uma harmonização promovida pelo consenso de que a vida está seriamente ameaçada.O mundo continuará sendo um moinho, por haver água, porque haverá pessoas, tempo, mundo, vida e máximas, se absorvermos a máxima do saber viver. Saber viver é não matar. É deixar viver. É adaptar as necessidades à realidade mundial. Harmonizar sobretudo, progresso e preservação, praticando a consciência ecológica muito além do que apenas a lei prevê. /Demétrio Pereira Sena