quinta-feira, 28 de agosto de 2008

CHEQUE, DINHEIRO OU CARTÃO ?

Todo consumidor, na hora de pagar a conta, ouve essa pergunta. Raro o prestador de serviços que não utiliza essas formas de pagamento. Feiras, borracharias, pequenas lavagens de carros e ambulantes nos cruzamentos das ruas são as poucas exceções. O cartão, principalmente, também chamado de dinheiro de plástico, tornou-se a moeda corrente nas transações do dia-a-dia. Muitas lojas até fornecem o seu próprio cartão para facilitar a vida da sua clientela fiel - os mais assíduos.Somos inovadores na utilização de cheques. Talvez o único país onde funciona muito bem o "pré-datado", aquele conhecido como "bom para..." compra-se e vende-se pré com muita facilidade. E existe locais onde tudo gira em função dessa forma de pagamento. Vale mais do que dinheiro em espécie. Devido à dinâmica da operação, a burocracia é mínima. Não se sabe por que não oficializaram o pré no paralelo. Ainda não pensaram nisso? Talvez porque não seja um bom negócio.O dinheiro, que para a grande maioria anda curtíssimo, é muito usado por aqueles que não possuem conta em banco nem cartão de credito. Quem não pode fazer uma aplicaçãozinha para tentar esticar os seus parcos recursos. Nesse caso, cada centavo é gasto com muita consciência e critério. E aí é aquela briga entre ele e as necessidades, as dolorosas contas a pagar, para ver se ambos conseguem chegar sãos e salvos até o fim do mês. Isso que é, realmente, viver perigosamente no limite.A aceitação, a praticidade, a facilidade e o comodismo para o uso do cartão de credito têm um preço salgado: os altos juros cobrados. Daí saber utilizar, escolhendo quais compras pagar com o mesmo, exige organização e disciplina. Não é difícil se "argolar" devido às dividas com ele. Qualquer pequeno descuido e o saldo devedor torna-se um fardo pesadíssimo para carregar. Exemplos de desestruturação familiar por causa disso não faltam... Descontrolou, comprometeu as finanças!Mas tudo o que foi dito anteriormente só serve para os simples mortais, aqueles que precisam exercer um controle rigoroso sobre suas contas pessoais. No nosso país, existe uma classe de privilegiados que não tem a mínima preocupação com essas coisas. Não precisam de cheques pré-datados, carregam dinheiro em cuecas e pagam contas caríssimas sem se importar com o limite do cartão. Isso faz parte da banda rica, aquela que não conhece dificuldade, pobreza e miséria.Esse pessoal não tem com o que se preocupar porque quem paga a conta nem sabe que existiu tal despesa. Melhor ainda é que não precisam dar explicações sobre os gastos porque estão autorizados para isso. Da tapioquinha ao aluguel do carro de luxo; do pão quentinho à lagosta regada a vinho fino no restaurante de luxo; da lembrancinha do Duty Free ao lazer no hotel cinco estrelas. Quem suportaria tanto sacrifício e exposição ao desgaste da imagem para usufruir dessas benesses?Viu-se, num programa de TV, a situação de quem vive catando restos nas feiras e Centrais de Abastecimento nas grandes cidades. A própria aparência já diz tudo. Não havia nenhum sinal de esperança nessas pessoas. Vão e voltam à pés. Após recolher as sobras reúne os filhos, às vezes divide com algum vizinho carente, para juntos saciar a fome. Moram em casebres sem o mínimo de conforto e de saneamento básico. Mas nada é tão degradante como se alimentar com o lixo dos outros. Não é preciso ser um gênio da economia para estimar quanto custaria atender às necessidades desse pessoal, fornecendo apenas o indispensável. O valor, com certeza, não chegaria nem perto das despesas que algumas autoridades fizeram com o cartão corporativo. Além do que, vale ressaltar, a maioria dos gastos foi com supérfluos, apesar disso não ser considerado crime, segundo o nosso presidente. Podem até não ser crime, mas são atitudes incompatíveis com a ética e a moral. A mídia prestaria um grande serviço ao contribuinte se, após exibir o lado mais carente do país, perguntasse a alguma autoridade o que achou das imagens humilhantes, inaceitáveis e desumanas que foram mostradas. Melhor ainda se fosse ao vivo para o telespectador ouvir a resposta. Tipo assim: o que vocês estão fazendo para mudar esta situação? Aos necessitados, talvez fosse a única oportunidade para dar uma humilde sugestão: aceitamos ajuda em cheque, dinheiro ou cartão, viu Excelência! / Jose Roberto Takeo Ichihara