Em tempos de globalização, informação, mídia e poder, esquecemos um pouco (ou não tomamos conhecimento mesmo!) da história de nosso país. As escolas ensinam na disciplina de história, que a Princesa Isabel libertou os escravos, Dom Pedro I declarou a independência às "margens do Ipiranga", Getúlio Vargas criou a "carteira de trabalho" e o FGTS, e os inesquecíveis "50 anos em 5" de Juscelino Kubitschek. No Brasil, os anos de ditadura e repressão, durante o regime militar (1964-1984), deixaram um saldo de mais de 500 mortos, um outro tanto de desaparecidos e centenas de mutilados. Nos anos de chumbo, marcados pela truculência e a violência qualquer homem ou mulher que se atrevesse a lutar (não é minha intenção entrar no âmbito da política) por algum ideal que fosse contrário ao gosto do PODER, era levado ao calvário da tortura como "fonte" de informação. O método mais doloroso de se fazer falar. Neste contexto, uma parte da história que poucos conhecem: a participação ativa da igreja na resistência contra a ditadura imposta. Freis da ordem dominicana eram atuantes junto as forças de esquerda, principalmente com a Aliança Libertadora Nacional (ALN). Seu papel era proteger, esconder, transportar, ajudar na militância por um país mais justo, mais digno. Dos freis que atuaram contra a repressão, Tito de Alencar Lima, o Frei Tito, foi levado ao DOPS, e de lá nunca mais voltou. Não que seus algozes o mataram, isso seria negativo, a igreja, apesar de apática nesse momento, tinha um membro seu sob custódia do governo. O homem que foi devolvido ao presídio não era o mesmo que fora arrancado de lá. O delegado Sérgio Fleury se introjetou em Tito de maneira que nunca mais saísse. Sobreviveu durante alguns anos, exilado. Era 1974. Em algum lugar da França, um "grito" de liberdade. Livrou-se de Fleury. Tirou a própria vida.