Nada me dá tanta alegria do que falar sobre a amizade. Este é um sentimento tão essencial quanto o amor, para manter em equilíbrio a alma do ser humano. Acredito que para garantir sua onipresença e onisciência, o Criador percebeu ser impossível na solidão atender de pronto e com eficiência a todos os seres humanos. Então, num lampejo de emoção, transformou anjos em homens para cuidarem uns dos outros enquanto estivessem sobre a Terra cumprindo suas obrigações; enfim, sendo o mais perfeito exemplo de fraternidade. E, deu certo! Amigos de verdade têm, sim, essa essência angelical, fraterna. Eles têm a alma aberta e consciente quanto à importância de serem leais, companheiros, irmãos, conselheiros, o esteio de todas as horas. Se na prática não têm asas, os amigos muitas vezes conseguem voar e transcender os limites do real e ficam ao nosso lado quando nem acreditávamos que isso seria possível. Mas, como tudo nessa vida tem dois lados, há também os que são anjos decaídos. Pobres criaturas incrédulas em si mesmas, incapazes de abrir os olhos e o coração para vivenciar a magnífica beleza de viver em comunhão, degustando da vida todos os sabores e compartilhando com verdade suas impressões. Eles padecem de uma crônica solidão e fecham-se para o mundo, construindo muralhas de inveja, cobiça, ganância, ódio e vingança. Ainda bem que o número de amigos, espalhados por todos os cantos do mundo, é bem mais expressivo! É bacana fechar os olhos ao deitar e sentir o corpo reconfortado pela deliciosa sensação de que, lá fora, em outro lugar, existe alguém ou “alguéns” em sintonia conosco, orando por nossas vidas, torcendo para que tenhamos sucesso em nossos projetos, talvez acreditando mais em nós, do que nós mesmos, ansiando por uma breve e agradável oportunidade para nos reencontrar e matar uma saudade, que anda sufocando o coração. Por isso, tenha consigo a responsabilidade de ser amigo e de cuidar para manter a amizade dos que lhe são tão caros. Como disse Antoine de Saint-Exupéry, “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. / Alessandra Leles Rocha