Há muito tempo eu venho querendo escrever esta matéria, mas tenho deixado pra depois, pra depois... até que agora resolvi desenvolvê-la, haja vista o aumento da incidência de problemas relacionados a este tema. Qual a idéia que você tem de religião? Creio que, na cabeça da grande maioria das pessoas, religião deve ser coisa boa, não é? É algo que, na concepção de muita gente, tem a ver com Deus, (todas elas), com Jesus (as que se rotulam como Cristãs), com Maomé (os Muçulmanos), com Buda e com esses seres luminares que, conforme entende cada povo, são os intermediários de Deus (ou Alá) na relação conosco. Pois é. Afinal de contas, religião é coisa boa? Quase todo o mundo acha que é. Se é coisa boa, obviamente, implicitamente, as pessoas envolvidas com religião têm que ser necessariamente boas, não é verdade? Têm que ser boas, dignas, honestas, humanas, fraternas, tolerantes, indulgentes, servidoras ao próximo... enfim, tudo isto que nós sabemos que se constitui em valores elevados. Eu não estou me referindo especificamente aos líderes religiosos, aqueles que pregam “palavras” para o povo, para que esse povo siga os seus ensinamentos, como os padres, pastores, líderes espíritas, líderes mulçumanos, judeus etc. estou me referindo a eles, sim, mas também aos que se acham seguidores fervorosos das igrejas, sinagogas, mesquitas e congregações religiosas em geral. Os líderes, que se apresentam como os condutores de “rebanhos”, teriam, mais do que todos, a obrigação de se conduzirem com mais coerência a essa dignidade, bondade e demais valores que todos esperamos da religião, não é verdade? Mas aqueles que vivem dentro de templos religiosos, portando livros que consideram sagrados, e até se disponibilizando a pregar para os outros, também teriam essa mesma obrigação de uma postura digna, pelo menos razoável. Mas será que a gente vê isto na prática? É esta a razão da matéria. Gente, o que tem de religioso perturbado por este mundo afora, é algo impressionante. Não estou resumindo esta minha citação apenas ao segmento muçulmano que acha que a prática terrorista é agradável à Alá (denominação que dão a Deus), e sai por aí como homens bombas, praticando suicídios e até incentivando que os seus filhos se matem também, desde que tirem a vida de outros semelhantes, da forma mais violenta possível. Não estou aqui me referindo ao ódio interminável, de ambas as partes, praticado exatamente na terra que é considerada “santa”, por grande parte da humanidade que, sinceramente, não consigo entender que conceito de santidade esse. Estou me referindo àqueles que estão mais perto de nós, os chamados seguidores de Jesus, já que o mundo muçulmano está bem distante e, antes de nos preocuparmos com eles, é bom que olhemos para o nosso próprio quintal. O que significa pregar Jesus, divulgar Jesus, ensinar Jesus, aceitar Jesus... falar tanto em Jesus? Obviamente ter adotado Jesus como o seu modelo de vivência em relação ao seu próximo, não é? E será que os religiosos estão sendo coerentes quanto a isto? Não quero voltar o comentário para os números que demonstram: “as guerras por motivos religiosos, já promoveram mais desgraças e mataram mais gente do que todas as outras guerras juntas, inclusive aquelas por motivos políticos” e nem para relembrar um dos períodos mais estúpidos, ridículos e repugnantes, que foram os séculos de inquisição na Terra; quero enfocar é a lamentável guerra que a gente vê, hoje, nos dias atuais, pelos insensatos praticantes de religiões. Conduzamo-nos com alguma inteligência e um pouco de coerência: O materialismo ainda impera no mundo, o egoísmo e o orgulho ainda estão presentes na vida de muita gente, a raiva, o rancor, o ódio, a indiferença, a corrupção... enfim, todas as práticas indecentes e imorais vivenciadas por pessoas que não têm a menor idéia do que seja Deus e de quem seja Jesus. O mundo ainda está cheio de gente ruim: ladrões, assassinos, matadores de aluguel, corruptos, corruptores, falsários, traficantes de drogas, traidores, agressores, estelionatários, terroristas, gente praticando abortos, suicidas, gananciosos, bancos, operadoras e cartões de crédito... enfim, existem inúmeras pessoas precisando ouvir e entender a “proposta Jesus” que, certamente explicada e sobretudo exemplificada, conduz muita gente à transformação moral e reforma íntima, que termina por construir homens novos. Esta relação de bandidos que eu coloquei aí, não tem nada a ver com Jesus, sintonia zero com Deus e ignorância absoluta em relação aos valores espirituais e morais. É aí que perguntamos: Os religiosos, que dizem que têm Jesus em suas vidas, que aceitaram Jesus, que amam Jesus e até o concebem como sendo o próprio Deus, têm voltado as suas ações e dedicando as suas energias para trabalharem essas almas? É claro que não, com raríssimas exceções. Muitos estão preocupados é em atacar pessoas que já estão em outras religiões ou propostas filosóficas, que também têm certa afinidade com Jesus, que também já tem valores morais e espirituais bastante diferenciados dos bandidos citados, como se fossem verdadeiros inimigos. Eu pesquiso muito esta questão religiosa, no que diz respeito ao comportamental das pessoas, e convido você a também voltar um pouco da sua atenção a isto, pra ver que coisa mais impressionante, tamanho a incoerência e contradição: Você vai encontrar, por exemplo, religiosos não católicos, que dizem amar a Jesus, mas manifestam verdadeiro ódio contra Maria, exatamente aquela que foi a mãe do próprio Jesus, só por causa do excesso de amor que a igreja Católica têm por ela. Eu me lembro de uma época, morando em Belém do Pará, quando escutei um líder religioso, que havia arrendado a antiga rádio Guajará daquela cidade, incitar o seu público ouvinte (deve ter feito o mesmo na sua igreja), a quebrar a imagem levada na procissão do Círio de Nazaré (a maior procissão do Brasil), sob a argumentação de que estavam obedecendo a Bíblia. O insensato grupo havia, antes, mandado produzir cartazes “out doors” e espalhado pela cidade toda, atacando e provocando os católicos paraenses. Agora imagine só, se o público desse irresponsável e inconseqüente religioso resolve aquiescer à sua proposta, a loucura que iria acontecer naquela cidade, cuja procissão é acompanhada por aproximadamente 2 milhões de pessoas, com um fervor impressionante. Iria ser uma carnificina gigantesca. Ainda bem que a sensatez do arcebispo de então, meu amigo Dom Vicente Zico, exerceu uma liderança que não permitiu revide aos “out doors” e a nenhuma provocação, limitando apenas a colocar a polícia de sobreaviso. Como é que alguém, que diz amar a Jesus, pode manifestar esse tipo de sentimento em relação à própria mãe dele? Ao mesmo tempo nós encontramos católicos, também, altamente radicais em relação a outros segmentos religiosos, manifestando verdadeiro ódio aos irmãos protestantes, como se fossem eles os bandidos que devem ser combatidos ou convencidos a entenderem a idéia Jesus. Em razão do modismo que existe, de algumas igrejas supostamente evangélicas, que nada mais são do que iniciativas de mercenários, praticadas por elementos inescrupulosos, chegam a generalizarem, achando que todos os pastores evangélicos são também bandidos e praticantes da indústria da oferta, quando na realidade sabemos que existem muitas igrejas sérias, dignas e honestas, conduzidas por pastores do mais elevado nível moral. Toda generalização é burra! A outros que se acham no direito de quebrarem e destruírem locais de prática da religião Umbandista, como recentemente aconteceu no Rio de Janeiro, ferindo pessoas idosas e quase praticando mortes. Que Jesus é esse, gente??????? Que coerência e bom senso podem ter aqueles que discriminam um seu semelhante porque esse acredita na reencarnação e não admite a idéia de que Jesus é Deus? Estará defendendo quem, o próprio Jesus? Será que ele, lá no seu reino, vai ficar morrendo de raiva porque algumas pessoas aqui não o vêem como Deus? Será que ele é tão orgulhoso a ponto de fazer questão disto? Só mesmo alguém que não têm idéia da dimensão espiritual de Jesus, para ter uma concepção tão maluca, como esta. Gente, religiosos chegam ao ponto de praticarem mentiras por escrito, a fim de denegrir a imagem de outros, citando sobre outras crenças o que elas não são, vinculando com coisas que nada tem a ver, inclusive adulterando até mesmo livros considerados sagrados, para que eles fiquem conforme as suas conveniências. Que nível de inteligência tem alguém, que discrimina um semelhante, que também é adepto de Jesus, que concorda com quase tudo, mas que apenas diverge em alguns pontos apenas? É coerente o religioso que não entende aquela máxima que diz: “O que nos une é incomparavelmente maior que o que nos separa”.? Quem quiser amar excessivamente a Maria, que ame; quem quiser acreditar em reencarnação, que acredite; que quiser crer na existência de satanás, que creia; quem quiser achar que Jesus é Deus, que ache, e quem quiser achar que não é, que ache também, quem quiser chamar Deus de Alá, que chame, e daí, qual é o problema??????? Essas pessoas não são bandidas, não são assassinas, não são pessoas más, não exploram os outros, não maltratam ninguém. Por que, então, vamos vê-las como inimigas? Tanto mal na Terra que precisa ser combatido: Os índices de assassinatos, pelo aborto, cada vez maiores, assim como os de suicídios; a corrupção cada vez maior, roubos, assaltos, extorsões inclusive praticada pelos próprios governantes, como a indústria das multas e taxas, casos como o da Eloá, do menino João Hélio e tantos outros que poderiam ser evitados se os religiosos tivessem mais juízo, mais responsabilidade e enfocassem nos objetivos certos. Agora fica essa maluquice insensata de quererem convencer e até converter pessoas que nada têm a ver com qualquer prática marginal? É coisa de gente que não tem o que fazer. Está na hora de repensarmos esta situação, pelo bom senso e pela coerência. /Alamar Régis Carvalho