Os 52 vereadores de São Paulo que tentarão a reeleição neste ano (a vereadora Soninha foi candidata a prefeita e dois outros vereadores não disputarão a reeleição) têm um patrimônio médio de R$ 650 mil. Juntos, detêm R$ 33,8 milhões em casas, participação em empresas, carros, jóias. Já descontada a inflação no período 2004-2008, 18 vereadores declararam ter sofrido uma redução no patrimônio, 25 tiveram um aumento e três ficaram estacionados (dois deles afirmaram não ter bem algum). Sobre os outros sete não é possível uma comparação porque, em 2004, eles apenas listaram seus bens sem lhes atribuir valor até então o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não havia definido uma ficha uniformizada de declaração de bens. Distribuída pelo TSE pela internet, a atual ficha impede esse tipo de ocultação do valor patrimonial. Ao mesmo tempo, contudo, abriu espaço para declarações confusas. Alguns candidatos não identificaram corretamente, com nome e CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), as empresas das quais disseram possuir cotas. O vereador Agnaldo Timóteo (PR) passou de R$ 415 mil declarados, em 2004, para R$ 1,04 milhão em 2008. Descontada a inflação, um acréscimo de 103%. Sua maior aquisição foi um ônibus de R$ 330 mil. Ele contou ter tido a ajuda de um "amigo empresário", cujo nome disse não poder revelar. "Eu arrumei um cascalho emprestado com uma pessoa especial", disse. "Depois que terminar a eleição, vai ser o ônibus do cantor Agnaldo Timóteo." Aurelio Miguel (PR) teve crescimento real, descontada a inflação, de 64% no patrimônio. "Se eu quisesse, faria como muitos fizeram e que está dando decréscimo [de patrimônio]. Eu colocaria os imóveis na empresa e não aconteceria nada", disse o vereador. "Alguns perderam patrimônio, ficaram "pobrinhos" e coitadinhos depois que entraram na política." Miguel disse ter recebido R$ 250 mil de uma ação judicial contra uma empresa de material esportivo, além de R$ 100 mil de aluguel de imóveis. Sua declaração indica ainda um valor a ser recebido da empresa MRV Engenharia, que seria parte da venda de um terreno por R$ 3 milhões, herança de família. Na declaração de 2004, o terreno aparecia com valor de R$ 143 mil. Miguel explica que essa foi a avaliação no final da década de 1980, época em que foi discutida a herança. O vereador Milton Leite (DEM) disse que acrescentou, pela primeira vez na sua declaração, os bens em nome da sua mulher, o que ampliou seu patrimônio com duas empresas, de R$ 1 milhão ao todo. Ele tem uma Mercedes de R$ 290 mil. "Só as duas empresas que estão no nome dela já dão essa diferença. Acho que tive um acréscimo mesmo de R$ 400 mil, com meu trabalho", disse Leite. Roberto Tripoli (PV) saiu de um patrimônio de R$ 572 mil (atualizado) em 2000 para R$ 2,07 milhões neste ano. Ele declarou R$ 762,2 mil a mais na comparação com 2004. Tripoli vendeu um imóvel e também declarou ter recebido R$ 111 mil em heranças. "Sempre comprei e vendi imóveis." A bancada de 12 vereadores do PT teve aumento médio, já descontada a inflação, de 60% entre 2004 e 2008. Senival Moura teve um salto de 189%, chegando a R$ 339,5 mil. Entre os oito vereadores do PSDB em que foi possível fazer a comparação entre 2004 e 2008, o crescimento médio foi de 4%. Quatro deles (Adolfo Quintas, Netinho, Mara Gabrilli e Tião Farias) declararam ter diminuído o patrimônio. Juscelino teve aumento de 131%. /RUBENS VALENTE e FERNANDO BARROS DE MELLO