sexta-feira, 7 de novembro de 2008

VOCÊ ACREDITA EM REENCARNAÇÃO ?

Se não há reencarnação, não há mais do que uma existência corporal, isso é evidente. Se nossa existência corporal é a única, a alma de cada criatura foi criada por ocasião do nascimento, a menos que admitamos a anterioridade da alma. Mas neste caso perguntaríamos o que era a alma antes do nascimento, e se o seu estado não constituiria uma existência, sob qualquer forma. Não há, pois, meio-termo: ou a alma existia ou não existia antes do corpo. Se ela existia, qual era a sua situação? Tinha ou não consciência de si mesma? se não a tinha, sua individualidade era progressiva ou estacionária? Num e noutro caso, qual a sua situação ao tomar o corpo? Admitindo, de acordo com a crença vulgar, que a alma nasce com o corpo, ou o que dá no mesmo, que antes da encarnação só tinha faculdades negativas, formulemos as seguintes questões: 1 - Por que a alma revela aptidões tão diversas e independentes das idéias adquiridas pela educação? 2 - De onde vem a aptidão extranormal de algumas crianças de pouca idade para esta ou aquela ciência, enquanto outras permanecem inferiores ou medíocres por toda a vida? 3 - De onde vêm, para uns, as idéias inatas ou intuitivas, que não existem para outros? 4 - De onde vêm, para certas crianças, os impulsos precoces de vícios ou virtudes, esses sentimentos inatos de dignidade ou de baixeza que contrastam com o meio em que nasceram? 5 - Por que alguns homens, independentemente da educação, são mais adiantados que outros? 6 - Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomarmos uma criança hotentote, de peito, e a educarmos enviando-a depois aos mais renomados liceus, faremos dela um Laplace ou um Newton? Perguntamos qual a Filosofia ou a Teosofia que pode resolver esses problemas. Ou as almas são iguais ao nascer, ou não são: quanto a isso não há dúvida. Se são iguais, por que essas tamanhas diferenças de aptidões? Dirão que dependem do organismo. Mas, nesse caso, teríamos a doutrina mais monstruosa e mais imoral. O homem não seria mais que uma máquina, joguete da matéria; não teria a responsabilidade dos seus atos; tudo poderia atribuir às suas imperfeições físicas. Se as almas são desiguais, foi Deus quem as criou assim. Então, por que essa superioridade inata, conferida a alguns? Essa parcialidade estaria conforme à sua justiça e ao amor que dedica por igual a todas as criaturas? Deus, na sua justiça, não podia ter criado almas mais perfeitas e outras menos perfeitas. Para a Doutrina Espírita não há muitas espécies de homens, mas apenas homens, seres humanos cujos espíritos são mais ou menos atrasados, mas sempre susceptíveis de progredir. Isto não está mais conforme à Justiça de Deus? (Trecho de "Considerações sobre a pluralidade das existências" de Allan Kardec, constantes no Capítulo V de O Livro dos Espíritos) /paginaespirita.com.br