¨A CADA DIA QUE VIVO, MAIS ME CONVENÇO DE QUE O DESPERDÍCIO DA VIDA ESTÁ NO AMOR QUE NÃO DAMOS, NAS FORÇAS QUE NÃO USAMOS, NA PRUDÊNCIA EGOÍSTA QUE
NADA ARRISCA, E QUE, ESQUIVANDO-SE DO SOFRIMENTO, PERDEMOS TAMBÉM A FELICIDADE ¨. ( REDAÇÃO rogerlapan@pop.com.br ) ( fone: 11 73519511 )
domingo, 21 de setembro de 2008
MUITO ALÉM DO JARDIM !
Há coisas intraduzíveis, como a angústia dos passos depois da porta, a solidão do pássaro que se perdeu do bando, a despedida sem palavras. Há dores invencíveis, dessas que apenas se acomodam no hiato entre o desejo e a inexplicável negação dos que se distanciam. Há mudanças que acontecem sorrateiras, de forma imprevisível, sem que ninguém imagine que a fibra da nossa emoção se rompeu e não dissemos ai. Essas situações excluem peças da sensibilidade, transformando o jogo de memórias num exercício de desencanto, embora a gente viva, trabalhe e represente como o herói de uma história sem fim. Existe por aí, uma falta de sintonia entre o sonho e a realidade, uma cisão entre o querer e o poder, uma imposição que silencia o mar das palavras, um vento que corta sílabas. Por tudo isso, meu patchwork de emoções emenda-se nas linhas que rabisco, mas não estou inteiro. O que tenho a dizer tornou-se indizível. Não há espaço para a interlocução. O que transparece é apenas um estado de espírito. O sentido de alguém que passa e, no lugar das frases, deixa um perfume. O dia termina. Lá fora, o jasmim perde uma flor, ninguém recolhe as pétalas. /célia musilli