domingo, 7 de setembro de 2008

REPÚBLICA DO GRAMPO !

No início da semana, o presidente Lula decidiu afastar a cúpula da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) após a denúncia de interceptação de uma conversa entre presidente do STF, Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). O presidente do Senado, Garibaldi Alves, abriu hoje uma investigação para apurar se os grampos telefônicos que registraram as conversas tiveram origem interna. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que já foi alvo de escutas telefônicas ilegais, chamou de "absurdo" e disse "que deve ser repudiado em todas as dimensões" o grampo no telefone do presidente do STF. "É aquele negócio sobre o nazismo: primeiro, você foi aos judeus. Depois, aos opositores do regime. E depois, na sucessão, acaba atingindo o povo inteiro. Não há meias medidas, são direitos pétreos, assegurados na Constituição", afirmou. O presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Mozart Valadares, o presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Cezar Britto, e o presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), Fernando de Mattos, divulgaram em notas o seu repúdio às escutas telefônicas. Para eles, o ocorrido representa a "vulnerabilidade da sociedade brasileira", são "agressões à cidadania e à Constituição brasileira", que constituem uma situação "intolerável". Defensor das interceptações telefônicas legais como um instrumento "para combater, principalmente, os crimes de colarinho branco", o presidente da ADPF (Associação dos Delegados da Polícia Federal), Sandro Avelar, disse que a escuta ilegal feita contra Mendes é uma afronta ao trabalho das instituições públicas, pois casos como este podem prejudicar as investigações criminais. "O que nos preocupa é que passa a haver uma desconfiança nas instituições, enquanto isso o objeto das investigações fica mais próximo da impunidade." O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), chamou a prática do grampo de "poder paralelo" e cobrou do governo uma punição para os responsáveis. O relator da CPI dos Grampos, Nelson Pellegrino (PT-BA), declarou que "a realização de escutas não sofre só uma banalização, mas está em total descontrole". Hoje, a Polícia Federal resolveu abrir um inquérito para investigar a autoria do grampo ilegal na conversa entre Gilmar Mendes e Demóstenes Torres. Para o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, não há evidências claras de que a interceptação tenha sido feita por "servidor" ou "particular". Ele diz que nenhuma hipótese pode ser descartada, e que será difícil chegar aos responsáveis. / fonte jornal de debates