quarta-feira, 29 de outubro de 2008

FINANCIAMENTO A LONGO PRAZO, VEJA A POUCA VERGONHA QUE EXISTE POR TRÁS DISTO !

Existem pessoas que, naturalmente, possuem a visão muito estreita. Por exemplo: na seqüência da visão dos números, só conseguem enxergar o número 2, depois do 1; o 3, depois do 2; o 4, depois do 3 e assim sucessivamente. Há outras que têm visões um pouco mais apuradas e já conseguem enxergar opções entre o 1 e o 2: o 1,1, o 1,2, o 1,3 ... e ainda os que têm visões mais profundas ainda, em condições de enxergarem até com aproximação de centésimos, milésimos... milionésimos, ou seja, até 1,000001. Ninguém pode exigir que todas as pessoas tenham visões profundas, já que a sociedade humana é heterogênea, em todos os aspectos. A esmagadora maioria possui visão estreita e é exatamente em cima dela que os espertalhões se aproveitam para explorar, extorquir e praticar todo tipo de safadeza com a criatura humana. A visão estreita das pessoas é a matéria prima que os canalhas utilizam para praticarem todo tipo de safadeza, como a indústria da calúnia, da difamação, da discórdia e todo tipo de mau caratismo que existe na face da Terra. O “generoso” empréstimo para aposentados e pensionistas, uma das mais sem vergonha propostas dos bancos e financeiras em nosso país, é um exemplo disto, que fez com que tantos velhinhos estejam passando por sofrimentos terríveis, por terem os seus parcos vencimentos reduzidos, sem condições até de comprarem os medicamentos indispensáveis à velhice. E não aparecem deputados para denunciarem tamanha crueldade praticada contra tantos milhões de brasileiros, com respaldo do governo. E a visão estreita popular achando que bancos e financeiras estão sendo bonzinhos para os idosos, quando na verdade estão acabando com a vida deles. Mas falemos aqui sobre esta outra safadeza que está iludindo milhões de brasileiros, que são as “facilidades” de se adquirir um carro, em “suaves” prestações mensais, que também está destruindo a vida de milhões de pessoas. Acompanhem a linha de raciocínio, porque o assunto é sério: Princípio básico: Todo mundo sonha em ter o seu carrinho. Aquela pessoa que nunca teve condição de ter um carro, porque o seu padrão econômico não permitiria, agora pode, diante das apelações que a sutil safadeza bancária lhe oferece. Compre o seu carro em 72 suaves prestações, sem entrada, e comece a pagar a primeira só daqui a quatro meses!!!!! Os juros são de apenas 1,2 por cento ao mês. Quem é que não vai numa conversa desta? O brasileiro que, pelo menos, faz alguma conta e percebe que quando compra eletrodomésticos em lojas, paga juros de 3 a 4 por cento, sabendo, também, que o vampiresco sistema de cartões de créditos lhe cobra 14% ao mês, quando ele atrasa, e que o cheque especial, também, tira o seu sangue com juros altos, termina achando maravilhoso ver uma proposta de financiamento de carro a juros de apenas 1,2 por cento ao mês. Quem já tem carro, por mais que esteja funcionando bem, se acha tentado a financiar um mais novo, até mesmo zero quilômetro. Não mede as conseqüências. Muita gente acha maravilhoso, há quem diga que o país está uma beleza e que o povo está tendo oportunidades que nunca teve antes. - “Que bom, vou poder ter o meu carrinho, vou mostrar para a vizinhança e principalmente para os parentes, pra que todo mundo veja que agora eu tenho carro! Realizei o meu sonho!” Mas... e as prestações? - “Não importa, só vou começar a pagar daqui há quatro meses e a gente sempre dá um jeitinho.” A visão estreita não deixa o cidadão enxergar que, ao adquirir um carro, não é somente o valor da prestação que ele terá que pagar todos os meses. Terá, também, a mensalidade do seguro, a despesa de combustível, pagar para estacionar nos centros da cidade, pagar as chamadas zonas azul, terá os pedágios, caso tenha que passar por estradas... enfim, vá somando. Se o veículo for comprado para um jovem ou se for do tipo considerado popular, o valor da mensalidade do seguro é muito maior, porque as seguradoras consideram que os jovens têm maiores possibilidades de provocarem acidentes e os carros populares são os mais preferidos pelos ladrões. Mas nada disto importa, porque a pessoa só olha para a “suave” prestação que vai pagar ao banco. É exatamente em cima desta visão estreita da população que os bancos e suas financeiras montam as suas estratégias para acabar com a população. Veja agora o que existe por trás disto: Acompanhe bem a linha de raciocínio: 72 meses significam 6 anos. Isto quer dizer que a pessoa que compra o carro tem que passar seis anos na seguinte condição: 1) Ter certeza absoluta de que terá emprego garantido durante estes seis anos. Certeza de que o País não enfrentará nenhum problema de recessão, nos seis anos, que afete as empresas e conseqüentemente os seus funcionários. 2) Ter certeza de que ela, esposa, marido, filhos, pai e mãe não vão ter nenhum problema de saúde, no período dos seis anos, daqueles que obrigam a família a ter altas despesas extras, que sempre surgem inesperadamente. Certeza de que não terão acidentes, infartos, cânceres, fraturas... enfim, nenhum problema na saúde de ninguém, que proporcionem gastos de surpresa com hospitais e medicamentos caros. 3) Certeza de que a sua geladeira não vai queimar o motor, televisão não vai queimar, máquina de lavar... equipamento básico nenhum de casa vai ter problema. 4) Certeza absoluta de que a casa e nenhum dos seus membros serão assaltados por ladrão nenhum. 5) Enfim, tem quer ter um anjo protetor, muito eficiente, para lhe garantir não enfrentar problema financeiro nenhum durante todos esses anos. É possível conseguir isto? Claro que é possível, muitos conseguem, não há dúvida nenhuma. Mas aí vem a pergunta: Quanto por cento do universo que entra nestes financiamentos consegue chegar até a última prestação, sem passar por nenhum destes problemas citados? Posso garantir que muitos não conseguem, mas muitos mesmo. Ainda mais agora, com esta crise terrível que o mundo está enfrentando. O deixar de pagar uma prestação, ou o pagar com atraso, na grande maioria das vezes, não é questão de que a pessoa seja caloteira ou desonesta, é questão de força maior mesmo. Imagine uma pessoa que, de repente, é surpreendida com um gravíssimo problema de saúde de ente querido na família, daquele que acaba com todas as economias do lar, pelas necessidades de compra de remédios, quimioterapias e outras, será que vai deixar que a pessoa morra, pra pagar prestação de carro, tv por assinatura e outros gastos? Não vai mesmo. E será caloteira, por causa dessa dura realidade? É isto que a maldosa sociedade não consegue entender. Só que os bancos e os seus advogados não querem saber disto. Dane-se o cliente. Remetemo-nos ao passado, quando o país tinha um pouco mais de vergonha na cara, em algum momento que o cidadão passasse por alguma dificuldade temporária, que o levasse a atrasar algumas prestações, o que acontecia? Ele iria ao banco e renegociaria as prestações atrasadas, propondo ao gerente: “Estou com três prestações atrasadas. No mês que vem, eu pagarei uma atual e meia prestação atrasada. Ao final de seis meses, estarei novamente em dia com o banco.” Era deste jeito, existia mais dignidade na prática bancária, os gerentes aceitavam e tudo se resolvia facilmente. Existiam juros, sim, mas algo tolerável e dentro do suportável, sem maiores problemas. Hoje você nem consegue mais falar com os gerentes dos bancos, porque todos eles são simples fantoches, apenas atrás de novas aberturas de contas e como camelôs vendendo seguros e aplicações. Os bancos não têm mais, pelos seus gerentes, o respeito que existia antigamente, já que eles não têm mais autonomia para nada. Por incrível que pareça, até o Banco do Brasil, que no passado era sinônimo de dignidade e os seus funcionário eram vistos como status, por toda a sociedade brasileira, incorporou-se nesse universo vergonhoso, como também a Caixa Econômica Federal. Veja como a coisa funciona hoje: Se você atrasa uma prestação que seja, depois de 20 dias eles já mandam para advogado. Pronto, você já estará condenado a pagar, além dos altíssimos juros que já cobram pelo atraso, também os honorários de advogado. Só pra você ter idéia do nível de vampirismo do sistema, vou lhe mostrar aqui um exemplo que aconteceu com uma pessoa amiga: Prestação normal: R$ 766,07 Valor cobrado, 40 dias depois: R$ 1.062,27 Percentual da extorsão: 38,66% - “Ah, mas eu tentei pagar e não consegui, porque o banco estava em greve, funcionários faziam piquetes na porta e não deixavam ninguém entrar na agência.” - “Dane-se você, cidadão brasileiro, que se lasque, o problema é seu. Vai ter que pagar este valor, porque senão vamos fazer a imediata busca e apreensão do veículo”. E fazem mesmo. Não existe bom senso, coerência, compreensão e o menor respeito pelo cidadão brasileiro, porque neste país quem manda é o vampirismo bancário, que faz o que quer. De repente, você ouve falar que existe um órgão governamental que trataria da defesa do consumidor, um tal de PROCON. Recorre a ele e ouve o que? - “Sinto muito, mas neste caso nós não podemos fazer nada, porque você assinou um contrato”. O PROCON só tem forças junto a butecos, bares e pequenas empresas; junto a bancos, nunca. Recorre ao Juizado de Pequenas Causas, em busca de socorro, já que esta é uma instância judicial que, por incrível que pareça, funciona no Brasil, mas somente para aquilo que é considerado pequena causa, ou seja, queixas sobre valores que não ultrapassem a 20 salários mínimos, que hoje são limitados a R$ 8.300,00. - “Sentimos muito, mas neste caso não podemos atuar, porque o valor total do financiamento está além dos 8.300 reais”. Você fica sem saída, não tem a quem recorrer, fica refém de um sistema extremamente calhorda, porque esta é a realidade do Brasil. Ah!!! Tem a justiça comum!!! Eu posso mover uma ação!!! Em princípio, se você entrou numa dificuldade para pagar uma prestação de um carro, como terá condições de pagar honorário de um advogado contratado para mover uma ação em seu favor? Ainda que consiga o dinheiro, vá, tente mover ação contra banco, em nosso país, pra ver se você consegue alguma coisa. Em princípio é importante que o brasileiro, comum, saiba de outro detalhe: Em todas as cidades têm os advogados comuns, que são aqueles que batalham normalmente por um ganho mensal para o seu sustento e da família, onde estão inseridos, também, os recém formados, que não possuem ainda experiência profissional e nem as malandragens da prática forense; mas existem também os chamados advogados medalhões, que são os mais famosos, geralmente donos de poderosos escritórios, que mandam dentro dos cartórios e até na distribuição do Fórum. Quais, você acha, que são os advogados dos bancos? É preciso responder? Pois é. O advogado que você contrata será visto pelos cartórios como um, entre centenas de outros que têm na cidade, o seu processo vai ter um curso absolutamente dentro do normal, os cartórios não terão o menor interesse em passá-lo na frente de nenhum outro processo que já está na fila, há anos, e é exatamente por isto que processos movidos pelo cidadão comum geralmente levam anos para serem apreciados. Já com o advogado medalhão, a coisa é totalmente ao contrário. Quando ele chega em um cartório, todos param para lhe dedicar atenção, porque afinal de contas, é o doutor Fulano de Tal, aquele que fala com o governador, com o prefeito e com comandante da polícia militar a hora que quer e até mesmo alguns juízes o temem, porque ele entra na sala de qualquer um deles, sem problema nenhum, a hora que quer. Eu falo daquele advogado do BMW, sabe? É exatamente por isto que qualquer processo movido por bancos, tem resultados imediatos e não se passam nem 30 dias, já aparecem oficiais de justiça na sua porta, inclusive trabalhando a noite, e até policiais armados, a disposição deles. Esta é a realidade da “justiça” brasileira e é por isto que chamá-la de “JU$TI$$A” fica mais apropriado. Agora conheça qual é a estratégia dos bancos: Tomar o maior número possível de carros que eles financiam, porque isto dá um lucro gigantesco para “quem está envolvido com o sistema”. Eles ficam com todo o dinheiro que você já pagou, tomam o carro e vendem novamente, e você ainda é obrigado a pagar o financiamento que fez, acrescido de todos os juros e multas. Para que você saiba como é esta picaretagem, oficializada, vou dar um exemplo: Faz de conta que você comprou um carro de R$ 30.000, que é o chamado valor de mercado. O valor do financiamento ficou em R$ 43.000,00, porque o banco já colocou os juros. (detalhe: estou chutando valores, sem preocupação de ter que colocar os percentuais médios de juros reais do mercado, apenas para ilustrar). Você pagou um total de R$ 15.000,00 até quando enfrentou o problema e atrasou a prestação, e eles lhe tomam o carro. O banco fica com os seus R$ 15.000,00, além do dinheiro que ele ganhou com a aplicação do dinheiro das mensalidades que você pagou, fica com o seu carro, que tem valor de mercado, e ainda lhe cobra mais os R$ 28.000,00 que faltariam para completar o financiamento. Aí aparece um advogado pra dizer o seguinte: A coisa não é bem assim não, porque o carro é levado a leilão e o valor apurado nesse leilão é considerado. Agora veja bem como funciona a máfia dos leilões. Faz de conta que você queira comprar um Toyota Corola, ano 2002, e sabe que o preço de mercado de um carro deste é na faixa de R$ 35.000,00. Eu pergunto: Teria sentido alguém comprar ou vender um carro deste por apenas cinco mil reais? Só se fosse roubado, não é? Você não compraria e nem eu, porque certamente desconfiaríamos. Se um veículo, que tem um preço de mercado de R$ 35.000,00, é anunciado por apenas R$ 30.000,00, em qualquer classificado de jornal ou nos programas de vendas da televisão, é óbvio que farão filas as pessoas que desejam comprá-lo imediatamente, pagando a vista, porque estará dentro do coerente, uma vez que se trata do famoso preço de ocasião. Se os bancos não fossem tão descarados, tivessem o mínimo de dignidade, vergonha na cara e respeito pelo cidadão brasileiro, eles agiriam assim: Entregariam o produto para um sistema, já conhecido pelo mercado, onde os carros seriam vendidos pelo chamado preço de ocasião, no caso aí os 30 mil reais, apurariam o dinheiro imediatamente, e resolveriam parte do problema. Mas infelizmente não é desta maneira, porque a ganância e a esperteza falam mais alto, em nosso País. Existe a máfia dos leilões, que funciona assim: Leiloeiros judiciais, em conluio com alguns profissionais arrematadores de produtos em leilões, com alguns advogados e até com funcionários de cartórios, fazem a jogada, conhecida como cartas marcadas, entre uma meia dúzia de arrematadores, já conhecidos e que fazem parte do sistema. No leilão de hoje o Raimundo leva; na semana que vem, leva o Francisco; na outra leva o Rogério, na outra leva o Jorge e todo mundo ganha. O que acontece: Informam, no processo, que conseguiram apurar somente 5 mil reais no seu carro, e você que se dane, porque não tem a quem recorrer, acerca disto. O arrematador que, deve ser algum dono de revenda de carros, é claro que vai vender o carro pelo valor de mercado, por mais que demore uma, duas ou três semanas em exposição na sua loja. Financia o carro pelo mesmo banco e a safadeza se repete. Pronto. Pagou apenas 5 mil reais pelo carro, mas vendeu por 35; quanto foi o lucro? Ganhou, de graça, R$ 30.000,00. Dá um presentinho de 2 mil reais para o leiloeiro, mais mil reais para o funcionário do cartório, mais 2 mil para o advogado o para o escritório de cobrança tal e está tudo muito bonitinho. É assim que a coisa funciona no Brasil. E você não tem a quem recorrer. Deu pra entender, agora, porque fazem de tudo para tomarem os carros das pessoas? Deu pra entender porque mandam logo para advogados, a fim da prestação ficar alta e inviabilizar totalmente o cliente, a fim de que ele não possa pagar e seja forçado a entregar o carro ou tê-lo apreendido? Este sistema mafioso foi tão bem elaborado pelos bancos, que chegaram ao ponto de fazerem com que o Congresso Nacional votasse uma lei, em agosto de 2004, a seu favor, uma explícita afronta à Constituição Nacional, que tira do cliente o seu sagrado direito de defesa. Em síntese, isto quer dizer o seguinte: Já que a ação é a favor de bancos, os juízes devem dar a sentença, imediatamente condenando o cidadão, sem precisar ouvi-lo no processo, retirando totalmente dele qualquer direito de defesa. Dane-se a Constituição e muitos magistrados, em nome do “tenho que seguir a lei”, aplicam isto friamente. Já que é um país onde costumeiramente fazem do cidadão um idiota, ainda dão uma “chance” da pessoa não perder o carro: Desde que pague o valor integral do financiamento e mais as chamadas custas judiciais, honorários advocatícios e tudo. No exemplo citado, o pobre do cidadão, que já pagou R$ 15.000,00 no sacrifício, vai ter que pagar mais R$ 28.000,00, à vista, além das custas e honorários, implicando em que este carro, que tem um valor de mercado de 35 mil reais, vai sair para ele por quase 50 mil reais. O que você acha disto? Quem é que vai conseguir atender a essa “chance” que a “justiça” lhe oferece? Infelizmente, esta é a realidade de um país onde a pouca vergonha, o mau caratismo e a canalhice oficial crescem a cada dia. Conclusão Que as pessoas pensem nisto, antes de se decidirem por comprar um carro em “suaves” prestações mensais, porque a estratégia das longas prestações existe exatamente na aposta de que em 6 anos, com certeza, muita gente enfrentará alguma dificuldade financeira, que lhe impedirá de pagar a prestação e eles possam ficar a vontade para praticarem esse tipo de roubo que aqui foi relatado, beneficiando uma máfia. Agora perguntemos: Por que não aparece um deputado para denunciar isto? Será que nenhum deles sabe disto? Todo cuidado é pouco. Para a reflexão de todos. /Alamar Régis Carvalho