quinta-feira, 30 de outubro de 2008

NOSSOS DIAS TÊM 16 HORAS ?

Amigos, estamos vivendo a Síndrome da Velocidade. Quando tinha meus seis e sete anos, costumava contar o tempo pelos natais. E como demorava chegar o Natal. Esperava, e esperava, e o Natal não chegava nunca. Para mim, sempre ansiosa por receber meus presentinhos, era uma eternidade. Demorava, mais chegava. E sempre valia a pena esperar. E quando chegavam as férias do colégio, costumávamos passear no interior, nos sítios dos parentes. Naqueles tranqüilos e serenos recantos, o tempo não passava mesmo. Lembro-me de ouvir mamãe conversando com tias e amigas, quando diziam “- Puxa, mas o tempo aqui nesta cidade não passa, já fiz tudo o que precisava, e ainda são 2 da tarde” -.E olha, que elas tinham muitas atividades, cuidavam da casa, cozinhavam, faziam deliciosos quitutes, costuravam, bordavam, cuidavam das crianças, que éramos, entre todos os irmãos e primos, uns oito anjinhos, e ainda, achavam tempo para auxiliar nas atividades culturais e sociais da cidade, além de cuidar das galinhas e do pomar. Alegres férias. Era outro tempo? Éramos menos ansiosos? A corrida pelo ouro era menor? Não sei qual seria a resposta mais certa. Só sei, que hoje, vivemos a SÍNDROME DA VELOCIDADE. Tudo nestes dias tem que ser muito rápido, tudo muito veloz. Mas por que? Querendo entender, procurei estudar a respeito, e li um texto do teólogo Leonardo Boff publicado no Jornal do Brasil, em 2004, que segundo ele, a freqüência de ressonância do campo magnético da Terra, conhecido como Ressonância Schumann (físico alemão) diz que aquele físico, afirmou que nosso dia, não tem mais 24 horas, e sim, 16. Quando terminei de ler aquele texto, caiu minha ficha. Então é isso? Temos 8 horas menos? E a partir dos anos 80 e 90, Schumann observou que o coração da Terra disparou, passando de 7,83, para 13 hertz, e que tudo então, está sendo muito acelerado, inclusive, causando transtornos no ecossistema e influindo na saúde da humanidade. Bem, se isso realmente for verdade, está explicado a nossa correria, e sensação de que estamos a cada ano, chegando mais rápido aos natais. Hoje mesmo, comentei com meu marido: -- é incrível, ainda sinto o delicioso sabor do panetone, e já estamos em setembro?-- É amigos, estamos vivendo mesmo, a síndrome da velocidade, mas a culpa não é nossa. Parece que perdemos 8 horas. E como dividiremos o dia em 3? Sim, porque sempre nos ensinaram, que devemos trabalhar 8 horas, descansar 8, e ter 8 para lazer. Neste caso, acredito, que a maioria das pessoas, devem estar tirando das horas de lazer, as que faltam para completar as 16? Sim, porque trabalho, não tem jeito. Você é obrigado até por leis trabalhistas, a trabalhar no mínimo, 8 horas por dia. E tem gente, que chega a trabalhar 10 ou 12 horas, e até mais. Então, sobram para dormir, quantas horas? Talvez esteja aí, a explicação, para justificar a triste condição do povo, que dorme pouco, trabalha ou estuda muito, e acaba, em virtude de tanta correria, ficando velho antes do tempo, estressado, irritadiço, nervoso, e lotando os consultórios médicos. As neuroses, e estados depressivos na população, aumentam a cada dia. Não há mais tempo nem para dar um sorriso para o vizinho do lado, nem para abraçar apertado um amigo, é só beijinho na face, ou um olá, e bem rápido. Observo, que não se consegue realizar todas as tarefas do dia, sempre sobrando algo para o dia seguinte. E observo também, que muitos atendentes dos serviços públicos, especialmente as que atendem por telefone, falam de uma maneira tão rápida, que não consigo entender nada. Muitas vezes, sou obrigada a pedir para a pessoa ter calma, e falar mais devagar, e pronunciar as palavras por inteiro. Outro dia, uma atendente de uma empresa fabricante de impressoras, me ligou, querendo saber se meu problema havia sido resolvido. Só, que para eu entender o que ela queria, necessitei pedir por três vezes, para que tivesse calma, pois só conseguia entender ela dizer: “Sou a É....... do Brasil,...... No final, entendi, que ela era a Ellen, da ........... (nome da empresa) do Brasil. Naquele momento, a moça se acalmou, respirou fundo, e pronunciou todas as palavras com calma e pausadamente, e conseguimos por final, nos entendermos. E não é só isso não. Em todo lugar, nos caixas dos supermercados, nas lojas, principalmente entre os jovens, é a mesma coisa. Todos estão falando tão rápido, que engolem as sílabas e atropelam o linguajar. Aí, você precisa ter calma e paciência, e pedir, sempre com muita doçura, que eles repitam o que querem dizer. Acho que alguns, até pensam que sou surda, que sou velha, ou coisa parecida. As vezes, me flagro pensando: “ Será que estou mesmo ficando mais lenta? Até para entender as pessoas? Creio que não. Tenho ótima audição, (escuto até demais).O idioma, pelo que sei, ainda é o mesmo. Mas..... e então? Eureka. Já sei. É a síndrome da velocidade, meus amigos. Não tem outra explicação. Tudo tem que ser veloz. Afinal, é o que temos. 16 horas, ao invés de 24. Fazer o que? Usemos nossa criatividade, e, principalmente, tenhamos muita calma e paciência. Temos uma capacidade razoável de adaptação. Encontrei uma amiga, e disse a ela, como o tempo está passando rápido. Ela respondeu: “Graças a Deus.” Por que será, que as pessoas acham que se o tempo passar mais rápido, as coisas vão melhorar? Doce ilusão. As coisas, vão é ficar piores, pois quanto mais rápido se vive, mais perto se chega da morte. Então, para que correr? Tudo a seu tempo. Vamos com calma, pessoal. Não tem a menor importância, se o que você queria fazer hoje, não deu tempo. Termine amanhã. Aí, você pensa, e se amanhã não der tempo? Dá sim, fique tranqüilo. Só não vai dar, se você morrer hoje ainda. Mas, se isso acontecer, outro fará em seu lugar. É a vida amigo, sinto muito. Vamos viver as 16 horas de nossos dias, com muita calma, procurando fazer hoje, o possível. Senão, o infarto nos pega, e aí, adeus tudo. Vamos esticar o tempo e espaço até o túmulo. Somos seres criativos e inteligentes. Procuremos viver bem, dentro das horas que a Terra nos permite, embaixo da luz do sol, ou da lua. E lembrando ainda de Leonardo Boff, onde ele diz: “Precisamos respirar junto com a Terra, para conspirar com ela pela paz”. Devemos ter a consciência, de que somos terra. Como? Explico: -- O planeta, tem 70% de água. Nosso corpo também. No solo, existem cálcio, ferro, alumínio, manganês, cobre, ouro, e outros elementos químicos, que também, compõem nosso corpo. E além disso, a terra, é que nos fornece, os alimentos para a manutenção de nossos corpos, seus filhos. Todos os vegetais, cereais, frutos, leguminosas, contém todos aqueles elementos químicos e necessários à vida de nosso sistema vital. E assim sendo, tudo o que ocorre ao nosso planeta ocorre também conosco. O grande relógio terreno, ou seja o tempo, sempre foi, é, e sempre será, o senhor de nossas vidas. E com ele,o tempo, remédio da sabedoria de Deus, também passam as dores, problemas, e tudo o mais. Dentro da história, através dos tempos, temos estudado, que celebridades morrem, reis são destronados, impérios destruídos, pessoas e animais envelhecem, tudo se renova, tudo se transforma, nada permanece igual ao que foi há um segundo, como bem diz a linda música de Lulu Santos “ Como Uma Onda no Mar ”. Tudo e todos, caminham, através do tempo, pelo Santo e Sagrado Solo Terreno, construindo, destruindo, reconstruindo, no movimento secular do indo e vindo. Saibamos valorizar o nosso tempo, edificando boas ações em favor de todos nós e de nossa mãe Terra, mesmo com oito horas a menos. Com certeza, nossa criatividade e força de vontade nos darão condições para continuar vivendo. /Mary Angélica Xavier Fraga Lopes