Outro dia, estava tarde da noite navegando pela internet e entrei no famoso programa de mensagens instantâneas do Microsoft, o MSN, e encontrei um amigo de infância que me adicionou para podermos conversar. Confesso não ser fã deste tipo de interação, mas acho válida a idéia. Gosto do contato, do pessoal. Escrever um e-mail não é o mesmo que escrever uma carta. Isso era coisa que fazia frequentemente quando criança, escrever cartas. Fiquei surpreso primeiro, porque pelo Orkut vi que este amigo já está casado e seguindo o curso convencional da vida, quer ter uma família. Surpresa! Quase todos da minha geração já querem casar, exceto os que são cristão-protestantes, pois estes já estão casados. Mas não é sobre o casamento que eu quero falar, é porque isso também é uma coisa que me toca: pessoas muito novas se casando. De repente ele inicia uma conversa de voz e o meu microfone do headset, não funcionava. Ficou então como se fosse um headfone. Eu apenas o escutava e respondia escrevendo mesmo. Fiquei emocionado, pois depois de tempos sem vê-lo, pude escutar sua voz, mesmo a quilômetros de distância e se houvesse uma webcam, seriam imagem e voz, instantaneamente. Ah! Essas novas tecnologias... Por mais que eu as estude, sempre ela traz uma funcionalidade nova e nos surpreende. E ficamos conversando sobre nossa infância, os amigos em comum, as famílias. E foi muito divertido. Lembrei até das brincadeiras de infância, que por mais “diferentes” que eram, faziam a alegria de todos: – “Quem não se lembra da “Estrela Nova Cela, Unha de Gavião, Amassa Tomate”... do Garrafão; Dono da Rua; Polícia e Ladrão; Bate-e-Deixa; Esconde-Esconde e Pega-Pega (estas com certeza não podem deixar de serem citadas) e várias outras brincadeiras que o povo da capital não conhece”. Lembrei também de uma carta que uma vez escrevi a uma garotinha da minha idade. Era uma carta de amor. E eu devia ter entre 07 a 10 anos. Não havia motivo para escrever aquela carta, não tinha um sentimento transcorrendo dentro de mim, mas eu escrevi e entreguei. Para o meu azar, a mãe dela leu e deu a maior bronca. Dizem que cartas de amor são escritas não para contar nada, mas para que duas mãos separadas se toquem ao tocarem o mesmo papel. Se alguém quiser saber quem disse isso, pos favor mande um e-mail. Já que estou aderindo às novas tecnologias. Mas, apesar do fato de sempre pensar que o computador (este ser inanimado que transmite imagens animadas), era um bicho seco, sem sentimento (e continua sendo para mim), ele me surpreendeu. Pelo menos por um instante, um sentimento brotou em mim. No momento em que eu usava esta máquina, conversando com meu amigo, a alegria tomou conta do meu peito por poder escutá-lo. Esta rede incontrolável de lugares pessoais, amenizada por Pierre Lévy o “filósofo-dos-computador”, como um espaço (ciberespaço) democrático, algumas vezes deixa-nos de boca aberta. E a tendência é “piorar” pra melhor ou vice-e-versa. Mesmo facilitando em muito a comunicação na contemporaneidade (ô palavrinha chata que tá na moda), o computador ainda não conseguiu fazer aquilo que um dia será o melhor de todos os inventos do mundo: O teletransporte. Ele servirá para complementar este tipo de interface, de interação, e torná-lo mais humano. Afinal, nada substituirá o velho e gostoso abraço apertado. /Edson Bastos